A Foton vem acelerando seus planos para se consolidar de vez no mercado brasileiro de veículos comerciais. Depois de iniciar sua operação no País priorizando modelos importados, a marca já começou a nacionalização de parte de seu portfólio. Assim já faz a montagem local de toda a linha Aumark e Auman.
Atualmente, a fábrica da Agrale, em Caxias do Sul (RS) monta de três a quatro caminhões por dia. Mas o número deve saltar para sete unidades diárias até dezembro.
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Expansão de produtos e da rede
Além da nacionalização, a estratégia da fabricante chinesa inclui a expansão agressiva da rede de concessionárias. Conforme já publicado pelo Estradão, no momento, são 52 pontos ativos e outros 30 em fase de implantação ou negociação. Dessa forma, a meta da companhia é encerrar 2025 com pelo menos 82 concessionárias no Brasil, espalhadas por todas as capitais e cidades estratégicas das cinco regiões.
A rede será padronizada conforme o conceito global da marca. Ou seja, oferecendo serviços completos de venda, pós-venda e peças.

Ademais, outro pilar do crescimento da Foton no País é a ampliação do portfólio. A empresa opera hoje com seis modelos e deve chegar a oito até o fim do ano. Um dos produtos que deve chegar é o Wonder. O utilitário está em processo de homologação. Mas a marca não descarta mais uma novidade.
A montadora já trabalha também com estudos para introduzir modelos com PBT superior a 24 t e novas opções eletrificadas no segmento leve, de olho no crescimento da demanda. Sobretudo por caminhões para última milha e distribuição urbana.
Em entrevista, o diretor de operações da Foton no Brasil, Fábio Pontes revela que “a meta é montar sete veículos por dia até o fim de 2025. Em seguida, quase dobrar a capacidade em 2026”.
Avanço na montagem local
A Foton começou com produtos importados e agora avança na montagem local. Como está esse processo?
Começamos com o modelo 12 toneladas, que hoje já é montado no Brasil. Em seguida, foi o 3,5 toneladas, cuja produção iniciou no mês passado. Até o final de 2025, vamos nacionalizar toda a linha Aumark — que inclui os modelos 3,5, 7, 9, 12 t — e também a linha Auman de 17 t.
Os veículos chegam desmontados. Mas já aplicamos alguns componentes nacionais, numa montagem que gradativamente ganha mais conteúdo local.
Projeções

Quantos veículos a fábrica de Caxias do Sul produz hoje e qual a expectativa até o fim do ano?
Atualmente montamos entre três e quatro veículos por dia, em um turno. Até dezembro queremos chegar a sete veículos diários. E, para isso, já iniciamos estudos para ampliar a capacidade da linha. A expectativa é dobrar o volume de produção no próximo ano.
Esse aumento de produção já considera a chegada de novos produtos?
Sim. A Wonder, nossa van, está em fase final de homologação e deve chegar ao mercado este ano. Além disso, temos planos para mais um produto inédito até 2025. E já estudamos ampliar a oferta para modelos de 24 toneladas no Brasil, mercado muito forte e competitivo, onde pretendemos atuar em breve.
Mercado já tem o seu Foton preferido
O modelo de 12 toneladas é o atual carro-chefe. Quais aplicações esse modelo atende?
Ele tem ótima aceitação em licitações públicas e em empresas de distribuição urbana e intermunicipal. Mas a maior parte da demanda vem do setor público. Porém, já vemos grandes frotistas também utilizando o modelo para entregas de curta e média distância.
O Foton de 3,5 toneladas é o único da categoria com ADAS. Portanto, como está a aceitação do modelo?
Tem crescido muito, principalmente no segmento de última milha, porque permite condução com carteira B e tem boa capacidade. Também oferecemos uma versão equipada com tecnologias como câmera 360° e assistentes de faixa e frenagem, algo incomum para a categoria no Brasil.
Posição da Wonder no Brasil

A Wonder vai ser mais acessível que a concorrência? Qual o posicionamento?
Posso dizer que ela será competitiva, sim. Ainda não temos preço definido. Mas nossa proposta é oferecer mais espaço e versatilidade em relação ao Fiat Fiorino, por exemplo. Afinal, a Wonder chega nas versões furgão, baú e carga aberta etc. Ou seja, implementada para diversos usos, desde food trucks a veículos de serviço e transporte urbano.
Eletromobilidade
A eletrificação no Brasil avança em ritmo lento. Como a Foton enxerga esse mercado?
Na China, temos portfólio elétrico completo, do leve ao pesado. No Brasil, devemos continuar focados inicialmente no segmento leve. O pesado elétrico ainda enfrenta desafios de custo, homologação e infraestrutura. Para o futuro, já estudamos trazer novas versões do iBlue com facelift e eletrificação para nossa linha de caminhões urbanos.
Planos da rede à fábrica
Falando de rede, quantos pontos de venda a Foton tem hoje e qual a meta?
Hoje são mais de 52 concessionárias ativas e cerca de 30 em implantação ou negociação. A meta para este ano é chegar a 82 pontos. E em 2025, alcançar 100. Assim, devemos abrir mais 20 lojas no próximo ano. A rede será padronizada segundo o conceito global da Foton, com áreas de venda, bem como de serviços e peças. Além disso, queremos ter espaços específicos para veículos de leves a pesados considerando o aumento do nosso portfólio, mas também para atender o veículo da concorrência.
Vocês planejam futuramente uma planta própria no Brasil, quando?
No momento nosso foco está na montagem e localização dos produtos. Mas a possibilidade de uma planta existe. E está atrelada a um crescimento consistente de mercado e volume de vendas. Esse é um projeto para o médio prazo.