Tecnologia

Fiorino elétrico por assinatura: startup aposta na conversão de furgões para frotas

Startup de Florianópolis oferece Fiorino elétrico convertido como solução mais acessível para a eletrificação de frotas

Thiago Vinholes

30 de abr, 2025 · 7 minutos de leitura.

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Fiorino elétrico, MEV
Fiorino elétrico mantém a mesma capacidade de carga do modelo original
Crédito:MEV/Divulgação

A substituição de motores a combustão por sistemas elétricos surgiu no universo da customização de carros, especialmente entre entusiastas do tuning e da restauração de clássicos. A startup MEV, de Florianópolis (SC), adaptou essa lógica a veículos comerciais leves, com foco no uso prático comercial. O primeiro produto da empresa é o Fiorino elétrico, desenvolvido a partir de modelos seminovos do furgão original da Fiat.

“A ideia da conversão é dar uma nova vida ao veículo. Retiramos um veículo poluente de circulação e o devolvemos 100% elétrico para as ruas”, explicou Matheus Dressler Maia, CEO e cofundador da MEV, em entrevista ao Estradão. Por enquanto, a empresa concluiu apenas um protótipo do Fiorino elétrico. A startup planeja oferecer os veículos convertidos por meio de planos de locação.

A própria MEV projetou e fabricou o motor elétrico usado no Fiorino. De acordo com Maia, o sistema gera 100 kW (134 cv) e 22 mkgf de torque. As baterias são importadas da China. Há alguns anos, a startup ganhou destaque na imprensa e nas mídias sociais ao equipar um Chevrolet Celta com esse mesmo dispositivo.

Celta elétrico, MEV
Chevrolet Celta convertido pela MEV - MEV/Divulgação

"Converter o carro não é um problema. Podemos fazer isso em um dia, o kit já é todo dimensionado para o Fiorino. Atualmente, nossa produção em Florianópolis é praticamente artesanal. Por isso, hoje levamos cerca de três meses para finalizar um sistema de propulsão", revelou o CEO da MEV. Cada kit da MEV custa R$ 100 mil. Além disso, o Fiorino seminovo usado na conversão sai entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.


Startup mira frotas comerciais

Segundo Maia, o modelo de negócio por assinatura da MEV é uma solução de eletrificação com um custo mais acessível. “O Fiorino elétrico com o nosso sistema é mais barato que um furgão elétrico zero quilômetro. Hoje uma van elétrica custa R$ 260 mil ou até mais”, contou.

O aluguel do Fiorino elétrico custa R$ 6,5 mil por mês, conforme o plano da MEV. “A locação de um Fiorino a gasolina custa cerca de R$ 5 mil, mas o operador enfrenta um custo alto com combustível”, afirmou o cofundador da empresa. “Cada recarga do Fiorino elétrico sai por R$ 16. Com energia solar gerada localmente, o valor pode cair ainda mais.”

O conjunto de baterias usado no utilitário convertido tem capacidade de 23 kWh, que rende uma autonomia de 180 quilômetros, segundo dados da empresa. O tempo de recarga completa varia de três a quatro horas, dependendo da potência da estação. O equipamento fica alojado no espaço onde era o tanque de combustível. “As baterias vêm da China, mas nós montamos os packs com o formato certo para encaixar no carro”, disse Maia.

MEV, Fiorino,
Startup foi criada por colegas de faculdade em Florianópolis em 2020 - MEV/Divulgação

A MEV homologou o modelo convertido conforme as regras da resolução 749 do Conselho Nacional de Trânsito, que define os requisitos para veículos híbridos e elétricos no Brasil. “Com esse registro, o Fiorino convertido tem isenção ou redução do IPVA em alguns estados. Em São Paulo, ele não entra no rodízio”, ressaltou Maia.


Ainda de acordo com CEO da startup, o Fiorino elétrico mantém a mesma capacidade e a configuração do compartimento de carga do modelo original da Fiat com motor 1.3 Flex, que comporta até 650 kg.

Fiorino elétrico passará por testes em São Paulo

Fiorino elétrico, MEV
A Hawk Transportes vai avaliar o Fiorino convertido em São Paulo -MEV/Divulgação

A MEV vai testar o primeiro Fiorino convertido em operações reais em São Paulo nos próximos meses. A Hawk Transportes, que mantém uma frota 100% elétrica, vai avaliar o modelo. A empresa atua em parceria com grandes nomes do e-commerce, como o Mercado Livre e a Shopee.

“Nosso objetivo é validar o veiculo com o cliente, entender se ele tem algum feedback para implementar e melhorar o projeto antes de ganhar a escala”, concluiu Maia.

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