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Fintechs são alternativas a bancos e atraem caminhoneiros

As fintechs, como são chamados os bancos digitais, têm taxas menores e permitem que o caminhoneiro crie um histórico financeiro

Aline Feltrin

24 de jun, 2021 · 8 minutos de leitura.

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Fintechs

As fintechs, nome pomposo dos bancos digitais, descobriram os caminhoneiros. Sobretudo porque o número de potenciais clientes é grande. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), há cerca de 1 milhão desses profissionais no Brasil. Entre as vantagens, não há cobrança de taxas e a maioria dos serviços pode ser feito pelo celular.

Por exemplo, a Target tem 50 mil caminhoneiros como clientes. Segundo informações da empresa, o número não para de crescer. “Com a pandemia, esse público passou a entender os benefícios de aderir”, diz o CEO da empresa, William Rego.

De acordo com ele, a fintech existe desde 2014. Porém, apenas em 2019 passou a oferecer serviços digitais voltados aos caminhoneiros. Como resultado, há redução no número de cartes frete emitidas, por exemplo.


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“Queríamos oferecer mecanismos e produtos que, de fato, atendessem esse público”, diz Rego. De acordo com ele, isso provocou mudanças no comportamento dos caminhoneiros. "A começar pelo fato de que ele não precisar ir a agências."

Soluções especializadas

Além disso, a conta da Target permite antecipação de recebíveis por transportadoras e caminhoneiros. Segundo Rego, também há empréstimos sem garantias. “Acreditamos que seja uma solução viável.”


De acordo com o executivo, a Target avalia a capacidade de pagamento por meio do comportamento financeiro do caminhoneiro.

Ou seja, consegue acompanhar o fluxo de recebimento de pagamentos, como fretes. Isso ajuda a definir o perfil e a conhecer o histórico financeiro do correntista.

Além disso, Rego afirma que a Target entrará no conceito conhecido como open bank. Ou seja, quando o cliente pedir crédito em qualquer instituição financeira, seu histórico financeiro na Target poderá ser consultado. “Em breve teremos nossos próprios serviços de financiamento de veículos.”


Fintechs de montadoras

Seja como for, outras empresas estão de olho nesse público. Até empresas como a Volkswagen Caminhões e ônibus (VWCO) resolveu investir nesse mercado.

Ou seja, por meio da Volkswagen Financial Services Brasil, o grupo lançou uma fintech batizada de Tucker Pay. Assim, ela foca caminhoneiros autônomos e frotistas.

De acordo com a companhia. o objetivo principal é oferecer serviços financeiros com mais agilidade. Bem como de forma prática e também segura.


Da mesma forma, a Volkswagen Financial Service quer fortalecer sua participação no segmento de transportes. Além disso. visa fortalecer as parcerias com transportadores e a rede de concessionárias.

Assim, a fintech tem a participação da empresa de tecnologia Somos Login. Segundo a empresa, entre as vantagens estão taxas atrativas, pagamento por QRcode e transferências em tempo real.


Nesse sentido, a conta digital pode ser pré ou pós-paga. De acordo com a VWCO , isso possibilita a gestão financeira e operacional do custeio do frete totalmente digital.

Conta digital em plataformas de frete

Além dessas fintechs, há outras soluções. Como a criada pela parceria entre a FreteBras, plataforma online de fretes, e a Hub, para criar sua própria conta digital.

Inicialmente, o objetivo é oferecer serviços para quem tem cadastrado na plataforma. Depois, qualquer pessoa poderá ter acesso. Segundo a FreteBras, há 540 mil caminhoneiros em sua base de dados.


De acordo com a empresa, por meio do novo serviço haverá redução no número de transações com dinheiro vivo. Bem como pagamentos com carta frete, que são pouco seguros.

Sem taxas com cashback

Segundo o responsável por soluções financeiras da FreteBras, Kauê Santos, um dos destaques é a isenção de cobrança de tarifas para autônomos. "Isso trará uma economia considerável”, afirma.

Os motoristas passarão a receber os valores de frete em uma conta digital. Além disso, terão um cartão físico para fazer movimentações. Haverá ainda o sistema chamado de cashback.


Ou seja, 3% do valor das compras feitas voltam para o correntista. Além disso, os clientes vão ter descontos em tags de pedágio.

Vantagens e desvantagens

Segundo a professora de finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Virginia Prestes, os bancos digitais são vantajosos para os caminhoneiros. Sobretudo porque não há cobrança de taxas.

Além disso, com as fintechs há mais facilidade para o cliente conseguir empréstimos e financiamentos. “O caminhoneiro consegue resolver tudo via aplicativo e não precisa se deslocar até uma agência”, diz.


Porém, ela lembra que o consumidor deve ter cuidado. “Como há empréstimos com mais facilidade, migrar para o universo digital requer mais educação financeira”, diz.

De olho nos custos

De acordo com ela, é preciso avaliar os custos dos financiamentos. “Quanto mais fácil é a aprovação do crédito, mais taxas são embutidas”, diz. Outra dica checar as taxas de juros.

Seja como for, o empresário de finanças Ricardo Matte diz que contas das fintechs também têm custos. “Mas eles são menores que os dos grandes bancos", afirma.


De acordo com Matte, a conta digital ainda é vista com desconfiança por algumas pessoas. “Tem gente que fica com o pé atrás porque não há agência física", afirma. Porém, esse é um dos motivos de os custos serem menores.

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