A falta de motoristas nos Estados Unidos se transformou em oportunidade para os caminhoneiros brasileiros que desejam trabalhar no exterior. O governo norte-americano passou a facilitar o visto de profissionais estrangeiros do volante. Essa flexibilização ocorre porque há falta de caminhoneiros por lá. De acordo com a American Trucking Associaton (ATA), associação local de caminhoneiros, há uma defasagem de 60 mil vagas nos Estados Unidos. E esse número deverá aumentar para 100 mil até 2023.
A dificuldade em contratar motoristas faz com que diversas empresas transportadoras e de logística procurem mão-de-obra de imigrantes. Advogado da área de Direito Internacional, Daniel Toledo relata que, quem anda pelas ruas do país, enxerga melhor esta realidade. "Você observa placas colocadas atrás das carretas com os dizeres 'estamos contratando'", diz. De acordo com Toledo, grandes redes varejistas sentem mais essa escassez. Esse é o caso da Amazon e do Walmart.
Espaço para brasileiros
De acordo com Fernando Cruz, fundador da plataforma de recrutamento USA BR Truck, há cerca de 35 mil empresas de logística e transporte nos EUA. "Hoje 11% dos caminhoneiros que trabalham lá são brasileiros", aponta Cruz.
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Ele acrescenta que há espaço para a mão-de-obra brasileira crescer. A projeção é que, em cinco anos, haja cinco mil caminhoneiros daqui dirigindo em solo norte-americano. Segundo Cruz, a Flórida é um dos estados mais receptivos. "Há uma grande comunidade brasileira por lá. Portanto, existe a facilidade da língua na hora de fazer a prova para tirar habilitação norte-americana", comenta.
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Salários superiores
A principal vantagem em trabalhar como caminhoneiro nos EUA é o salário. Segundo Jorge, os vencimentos varia entre US$ 60 mil a US$ 70 mil anuais. Ou seja, US$ 5 mil por mês, o que equivale a R$ 24 mil na conversão direta. Mas, para conseguir uma vaga nessas transportadoras, é preciso ter experiência. Bem como um nível de inglês intermediário.
"É essencial, sobretudo para fazer a prova de direção nos Estados Unidos", diz. De acordo com ele, uma dica importante é conhecer o nome das peças do caminhão em inglês. "É um tipo de questionamento que cai na prova teórica. E ter esse conhecimento é decisivo", conclui.
Processo de seleção
O mercado norte-americano é promissor para os brasileiros. Entretanto, quem quiser se candidatar para vagas naquele país, precisa ter em mente que o processo é longo. Conforme explica Cruz, primeiro é feita a seleção de currículos. Depois, a análise dos documentos do motorista pelo sistema de migração. "Essa é a parte mais demorada. Pode levar meses", diz.
Depois disso, o profissional precisa fazer a prova para ter licença de dirigir. Nesse ínterim, o caminhoneiro tem de fazer o teste te inspeção. A prova serve para mostrar que sabe o nome de todas as peças do caminhão. Além disso, há os testes práticos de manobra e de direção.
Daniel Toledo alerta que o pedido da carta de motorista comercial é trabalhoso. Em alguns casos, a aprovação leva meses. Mas poucas empresas estão dispostas a esperar esse tempo. Portanto, é importante iniciar o processo extremamente preparado. "É primordial ter uma reserva monetária enquanto aguarda a aprovação. Caso contrário, há o risco com gastos imprevistos", alerta.
Tipos de visto
O visto EB-3 é o ideal para caminhoneiros brasileiros que desejam trabalhar nos EUA. Mas pede atenção na hora da solicitação. Há duas modalidades de EB-3: skilled e unskilled. Na primeira, o trabalhador precisa ter mais de dois anos de experiência. E tem de mostrar capacidade para exercer a função. Por outro lado, a modalidade "unskilled" não exige experiência. Contudo, é primordial que a pessoa esteja fisicamente apta ao trabalho", pontua Toledo.
Robôs
Os robôs poderão substituir a mão-de-obra humana daqui a uns anos nos EUA. Essa é a conclusão de um estudo recente da Universidade de Michigan. A criação de caminhões autônomos pretende sanar gargalos logísticos. No entanto, há atualmente cerca de 280 mil Green Cards disponíveis para a categoria EB-3.
Solução mais eficaz
Segundo a advogada brasileira Liz Dell’Ome, fundadora da Dell’Ome Law Firm, escritório especializado em imigração para os EUA, essa é uma grande oportunidade para os caminhoneiros brasileiros. "As soluções tecnológicas, como os caminhões autônomos, ainda não estão prontas. E nem regulamentadas para serem colocadas em prática", pontua.