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Falência da Nikola expõe fragilidade da cadeia de hidrogênio para caminhões

Transportadoras que investiram em veículos da Nikola enfrentam alta nos custos e falta de suporte técnico após colapso da empresa

Thiago Vinholes

22 de jul, 2025 · 6 minutos de leitura.

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Nikola, Tre FCEV
O caminhão da Nikola é um FCEV, um Veículo Elétrico com Célula de Combustível a hidroênio
Crédito:Nikola/Divulgação

A recuperação judicial da Nikola Corporation, protocolada em fevereiro deste ano, escancarou os desafios da cadeia de suprimentos para caminhões movidos a célula de combustível de hidrogênio nos Estados Unidos. Fabricante dos modelos Tre FCEV, a empresa não resistiu à crise financeira e deixou em alerta transportadoras que confiaram na promessa de uma frota eficiente e de zero emissão. De acordo com uma reportagem do site norte-americano Transport Topics, a situação afetou diretamente a operação de empresas que haviam apostado na eletrificação com hidrogênio.

A Nikola buscava, sem sucesso, um investidor para manter as atividades em curso. Mesmo após negociações com fabricantes interessados, a falta de acordo frustrou os planos da diretoria e de seus clientes. Com a entrada no processo de falências dos EUA, os operadores passaram a enfrentar uma realidade preocupante: caminhões estacionados, hidrogênio mais caro e manutenção comprometida.

Transportadoras lidam com custos crescentes e paralisações

A IMC Logistics, uma das maiores transportadoras da América do Norte, adquiriu 50 caminhões pesados Nikola FCEV, a maior frota desse tipo nos EUA. Até o fim de junho, 40 veículos ainda rodavam, mas a empresa precisou buscar um novo fornecedor de hidrogênio para seguir operando. O problema, no entanto, foi o custo. O preço por quilo do combustível saltou de US$ 7,50 para US$ 29.

Jim Gillis, presidente da IMC para a Região do Pacífico, afirmou ao site que a empresa “segue trabalhando com planos E, F e G” após meses de incertezas. Além do aumento nos custos, a transportadora não recebe atualizações de software nem suporte técnico da Nikola, o que aumenta os riscos de paralisação. A manutenção, por enquanto, está sendo realizada por parceiros, mas sem garantias de continuidade.

Nikola, Tre FCEV
O Nikola Tre FCEV tem alcance de 800 quilômetros - Nikola/Divulgação

Outra transportadora que comprou caminhões da Nikola, a 4Gen Logistics estacionou seus 15 modelos por precaução. De acordo com Brad Bayne, vice-presidente de Iniciativas Estratégicas da empresa, o temor de ficar sem peças e assistência técnica pesou mais do que o desejo de manter os veículos rodando. A alta do hidrogênio, que quadruplicou com o fim do fornecimento pela Nikola, também influenciou na decisão, relatou o executivo.

Nikola tenta vender ativos

Em meio ao colapso, a Nikola iniciou leilões paralelos para vender seus ativos físicos e intangíveis. No total, 103 caminhões novos com célula de combustível estão disponíveis para compradores interessados. Já a propriedade intelectual da empresa. como patentes, software, dados de pesquisa e marcas, também foi colocada à venda. A sede da companhia, em Coolidge, no estado do Arizona, foi comprada pela startup de carros elétricos Lucid, em abril.

hidrogênio,
A Nikola também atuava no fornecimento de hidrogênio por meio da divisão Hyla - Nikola/Divulgação

Apesar das dificuldades, os executivos da transportadoras mantêm um certo otimismo. Eles acreditam que autoridades estaduais e operadores portuários podem ajudar a manter ativa a infraestrutura de hidrogênio em regiões estratégicas como Long Beach, na Califórnia. “Estou confiante de que o estado não quer abrir mão disso”, disse Gillis ao site.

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