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Exportações de caminhões evitam tombo maior da indústria em julho

Mesmo com a retração nas vendas de caminhões, produção se mantém estável graças ao salto nas exportações. Ônibus registram alta

Andrea Ramos

08 de ago, 2025 · 5 minutos de leitura.

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Em caminhões, exportações evitam tombo maior na indústria
Em caminhões, exportações evitam tombo maior na indústria
Crédito:Fotos: Scania
Em caminhões, exportações evitam tombo maior na indústria

A Anfavea revisou suas projeções para o mercado automotivo de 2025, com destaque negativo para o setor de veículos pesados. A nova previsão aponta queda de 8,3% nos emplacamentos de caminhões em comparação a 2024. Assim, reduzindo a estimativa de 125,2 mil unidades para 114,5 mil. Segundo o presidente da entidade, Igor Calvet, a retração no segmento de pesados, sobretudo extrapesados, está consolidada.

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No mês de julho, os licenciamentos de caminhões somaram 10,6 mil unidades, alta de 24,5% em relação a junho. No entanto, esse crescimento é explicado pelos três dias úteis a mais no calendário. Mas em comparação com julho de 2024, o volume representa queda de 6,6%, sendo que os caminhões pesados recuaram 16% nesse intervalo.

Ônibus mantêm ritmo de crescimento, mas perdem fôlego

Na contramão dos caminhões, o setor de ônibus continua em alta. A nova projeção da Anfavea indica crescimento de 12,8% nos emplacamentos de ônibus. Assim, passando de 24 mil para 25,3 mil unidades em 2025. No acumulado entre janeiro e julho, o segmento registra expansão de 25,3% sobre igual período de 2024.

Mesmo com a desaceleração em relação ao ritmo anterior, o desempenho positivo ainda é atribuído ao programa federal Caminho da Escola, que tem impulsionado a renovação da frota de transporte escolar. Além disso, houve um aquecimento na venda de modelos elétricos. Nesse sentido, em julho, o setor registrou recorde com o emplacamento de 160 ônibus com a tecnologia.


Em caminhões, exportações evitam tombo maior na indústria
Vendas de ônibus elétricos estiveram aquecidas no País nos últimos meses - Fotos: BYD

Exportações disparam e sustentam a produção industrial

Seja como for, apesar da retração do mercado interno, o setor de pesados encontra fôlego nas exportações, que segundo as projeções devem saltar para 47,5% no ano. As vendas externas de caminhões passaram de 8,5 mil unidades de janeiro a julho 2024, para 16,2 mil em 2025, com destaque para a recuperação da demanda na Argentina.

Esse desempenho alterou significativamente a balança da indústria, compensando a queda na demanda doméstica. De acordo com a Anfavea, as exportações “salvaram” a produção, que se manteve praticamente estável: 76,3 mil unidades em 2024 contra 78,4 mil em 2025, variação positiva de 2,8%.

Alta dos juros prejudica mercado de extrapesados

Todavia, entre os fatores que explicam a retração nos emplacamentos de caminhões está o elevado custo do crédito. A taxa de inadimplência para empresas chega a 3,4%, o que desestimula a renovação e aquisição de frota. Além disso, os caminhões extrapesados, que representam cerca de 45% dos emplacamentos do setor, são os mais sensíveis ao cenário macroeconômico. Especialmente à taxa de juros e ao ritmo do PIB.

“Já alertávamos para essa tendência nas últimas coletivas. O segmento de pesados sofre de forma mais intensa com os juros altos. E por terem peso relevante na logística nacional, a queda nesse segmento impacta todo o setor”, afirmou Calvet.


Tarifaço e a venda de caminhões

Calvet lembra que outro cenário que pode impactar a venda de caminhões é o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donaldo Trump. Como resultado, alguns itens taxados podem gerar redução no escoamento. “Cerca de 60% da produção nacional é transportada por caminhões. Com isso, pode ocorrer um impacto indireto nas vendas dos pesados”, finaliza.

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