Mercado

Exportações de caminhões crescem 91% no primeiro semestre e acalmam montadoras

Exportações impulsionadas pela demanda externa, especialmente da Argentina, ajudam indústria nacional a compensar queda nas vendas internas

Thiago Vinholes

15 de jul, 2025 · 4 minutos de leitura.

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exportações, DAF
Argentina é o principal destino das exportações de caminhões fabricados no Brasil
Crédito:DAF/Divulgação

Com o mercado interno travado por juros altos e menor apetite das transportadoras, os fabricantes de caminhões com sedes no Brasil se apoiaram nas exportações para sustentar suas operações em 2025. No primeiro semestre deste ano, o envio de veículos pesados para o exterior cresceu 91% em relação com o mesmo período de 2024, conforme dados da Anfavea.

No total, 13,4 mil caminhões deixaram o país entre janeiro e junho, ante 7 mil unidades exportadas no ano passado. Esse aumento foi importante para aliviar a pressão sobre as fábricas, que vêm enfrentando uma desaceleração contínua no mercado doméstico. Atualmente, o principal entrave para a venda de caminhões novos no Brasil é a taxa de juros elevada. Dessa forma, transportadoras, sobretudo de pequeno e médio porte, têm dificuldades para contratar financiamentos, segundo a Anfavea.

Argentina puxa exportações

A Argentina teve papel central no aumento das exportações de caminhões fabricados no Brasil. Segundo a associação de fabricantes, o país importou 6.916 veículos pesados brasileiros no primeiro semestre deste ano, um aumento de 283% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Outros países latino-americanos também importaram mais caminhões do Brasil na primeira metade do ano. O Chile, por exemplo, absorveu 1.821 veículos (crescimento de 65%), enquanto o Peru recebeu 1.532 unidades (crescimento de 25%).

Para Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, a diversificação geográfica é importante para manter estável a produção de caminhões no Brasil. “Temos observado um crescimento relevante das exportações de veículos, impulsionado principalmente pelo mercado argentino. Esse avanço tem sido muito positivo, pois ajuda a equilibrar os resultados diante da queda nas vendas no mercado brasileiro, especialmente no interior do país”, afirmou ao Estradão.


Bonini também destacou que o desempenho de outros mercados latinos mostra um caminho promissor. “A Argentina segue como nosso principal parceiro comercial, mas também vemos sinais de crescimento em outros mercados da América Latina, o que reforça a importância da região para o desempenho do setor automotivo nacional”, acrescentou.

Mesmo com as dificuldades no mercado doméstico, a indústria conseguiu manter um ritmo razoável nas linhas de montagem. De acordo com a Anfavea, a produção de caminhões somou 66,4 mil unidades no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 3,1% sobre o mesmo período em 2024. Ou seja, as exportações sustentaram a atividade industrial nacional na primeira metade do ano.

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