A JAC Motors vai lançar o caminhão 100% elétrico E-JT 18 na Fenatran. Portanto, no maior evento do setor de transportes da América Latina, que vai de 7 e 11 de novembro, na zona sul da capital paulista. Para profissionais da área, a entrada é grátis. Segundo o importador, o primeiro caminhão semipesado da marca chinesa no Brasil tem peso bruto total (PBT) de 18 toneladas e preço a partir de cerca de R$ 1,1 milhão. Seja como for, embora o modelo nem tenha sido lançado ainda, o Estradão já o avaliou.
Além disso, não foi uma voltinha no quarteirão. A convite da JAC Motors, viajamos a bordo do E-JT 18 de São Paulo a Curitiba. Segundo o presidente da marca no Brasil, Sergio Habib, um caminhão com motor a diesel e PBT de 18 t consome cerca de 30 litros a cada 100 km. Ou seja, pouco mais de 3 km/l. Portanto, considerando que o diesel tenha preço de R$ 6,50, o custo é de cerca de R$ 195 a cada 100 km.
Para comparação, no E-JT 18, o valor pra recarregar as baterias de 282 KWh é de R$ 196. Considerando o preço do kWh a R$ 0,70. Porém, com as baterias cheias e o caminhão carregado, daria para rodar 350 km. Ou seja, o custo por 100 km é de R$ 56. Assim, a escolha do roteiro não foi por acaso. Afinal, o modelo avaliado estava sem implemento. Nesse caso, a autonomia passa dos 600 km.
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JAC E-JT-18 tem 102 mkgf
De acordo com Habib, em postos de recarga rápidos, de 150 kWh, dá para repor 80% da carga das baterias em cerca de 1h40. Além disso, o custo total de operação, também chamado de TCO, é menor. Bem como o de manutenção. Afinal, o sistema de propulsão elétrico tem muito menos peças que o a combustão. Não há filtros nem lubrificantes, por exemplo.
Segundo a JAC, o E-JT 18 tem motor elétrico que gera o equivalente a 225 cv de potência e 102 mkgf de torque. Além disso, há câmbio automático de seis velocidades. Em geral, veículos elétricos não têm caixa de marchas. Porém, a marca informa que no caminhão o sistema é necessário para gerenciar o torque. Seja como for, as trocas são feitas de forma praticamente imperceptível.
Primeiras impressões
Da mesma forma, como é de praxe em veículos elétricos o silêncio impera a bordo. Assim, só dá para constatar que o moto está ligado por meio de um aviso luminoso no quadro de instrumentos. A palavra ready (pronto) se acende para avisar que o motorista pode arrancar com o caminhão da JAC. Aliás, há vários sistemas de segurança para reduzir o risco de sustos e acidentes.
É o caso, por exemplo, do alerta de movimento em baixa velocidade. Ou seja, enquanto o caminhão estiver rodando a até 40 km/h, vários alertas sonoros são disparados. Assim, é possível avisar as pessoas na via, como pedestres, sobre a presença do veículos. Além disso, como a entrega de torque ocorre de forma muito rápida, é recomendável pisar de leve no acelerador.
Descida energizada
Segundo a JAC Motors, a unidade avaliada pelo Estradão é a que estará em seu estande na Fenatran. Portanto, a marca informa que o caminhão não recebeu implemento para que os visitantes possam ver os detalhes do sistema elétrico. Portanto, rodamos com o E-JT 18 apenas com seu peso da tara, de 6,6 t.
Descemos a Rodovia Anchieta (SP-150) rumo ao litoral sul paulista. Assim, deu para conferir como funciona um dos recursos mais interessantes do caminhão elétrico. Em descidas acentuadas, o sistema de regeneração de energia gera eletricidade, que é enviada às baterias.
Assim, grosso modo o dispositivo funciona como um dínamo. Ou seja, quando as rodas giram sem que o pedal do acelerador seja acionado, o movimento produz eletricidade. Assim, além de não gastar carga, o caminhão vai recarregando as baterias. Dá para acompanhar tudo por meio do computador de bordo.
452 km com 3/4 do 'tanque'
Segundo o mestre de direção da JAC Motors, Paulo André Ferreira, responsável pelo treinamento dos motoristas, a dica é sempre ficar atento às oportunidades. “Em cidades, no trânsito, também dá para regenerar energia por causa da frenagem constante. Na estrada, é importante aproveitar a inércia. Em outras palavras, basta tirar o pé do acelerador em trechos de descida”, diz.
Em nossa viagem, rodamos 452 km e o caminhão consumiu 75% da energia das baterias. Isso porque, logo que chegamos ao Paraná, fomos surpreendidos por uma forte chuva. Por isso, foi preciso ligar o ar-condicionado. Ou seja, um sistema que consome muita energia e, assim, reduz a autonomia do caminhão.
Seja como for, é muito fácil guiar o JAC E-JT 18. A direção, com assistência elétrica, é leve e a visibilidade é muito boa, graças à ampla área envidraçada e à posição elevada do assento. Além disso, os espelhos retrovisores são bem posicionados. A unidade avaliada tinha acabamento similar ao dos demais modelos da categoria vendidos no Brasil.
Nesse sentido, apenas o banco do motorista tem suspensão pneumática. Além disso, entre os itens de série há ar-condicionado, controle eletrônico de tração e bloqueio de diferencial. Bem como volante multifuncional, que permite acessar o computador de bordo e som com conexão via Bluetooth.
O JAC E-JT 18 tem 2.780 mm de altura, 2.415 mm de largura e, na versão avaliada, 8.120 mm de comprimento. Por sua vez, a distância entre os eixos é de 4.500 mm.
Veredicto
O JAC E-JT 18 é um caminhão bastante interessante quando se pensa no custo de operação. Porém, o preço inicial, acima de R$ 1 milhão, deve limitar as vendas às empresas que têm metas de redução de emissões. Seja como for, contando como motoristas bem treinados para tirar o máximo dos vários sistemas eletrônicos, o modelo feito na China pode ser uma boa opção para viagens rodoviárias mais longas. Afinal, a autonomia de 350 km com o implemento carregado é muito boa para um semipesado.
