A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou um estudo que traça um retrato detalhado da força de trabalho no setor de transportes no Brasil. Com base em mais de 2,8 milhões de vínculos formais registrados na RAIS deste ano, o estudo joga luz sobre o perfil dos profissionais do transporte rodoviário de cargas. Os dados revelam uma categoria formada, em grande parte, por trabalhadores experientes, mas também marcada por desigualdades no acesso à educação formal.
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O estudo mostra que 81,1% das vagas formais no setor ainda são ocupadas por homens. A maior parte dos profissionais está na faixa dos 30 aos 69 anos, o que sugere uma categoria com trajetória e vivência acumulada. Mesmo assim, os níveis de escolaridade seguem desiguais. Para a CNT, essa disparidade dificulta o avanço técnico da profissão e afeta diretamente a segurança nas estradas.
Embora a maioria dos profissionais ter concluído o ensino médio, o que representa 63,3% dos vínculos, ainda existe uma parcela significativa da categoria em desvantagem educacional: cerca de 18% não terminaram o ensino fundamental ou sequer têm escolaridade registrada. Por outro lado, o estudo também identificou mais de 258 mil trabalhadores com diploma de nível superior e, em menor número, cerca de 3 mil com mestrado ou doutorado.
Maior estabilidade convive com alta rotatividade no setor
A pesquisa também chama atenção para a rotatividade no emprego. De um lado, cerca de 443 mil caminhoneiros seguem na mesma função há mais de uma década. De outro, há 270 mil registros com menos de três meses, o que sugere um fluxo constante de entrada de novos profissionais ou uma alta rotatividade em certas áreas, conforme aponta o estudo da CNT.
A presença de perfis tão diferentes revela um setor que reúne desde motoristas com carreira consolidada até profissionais que ainda estão começando ou mudando de área. De acordo com a CNT, o desafio para sindicatos, empresas e governo é elaborar políticas que considerem essa diversidade.
Além disso, o transporte rodoviário de cargas concentra 46,6% dos vínculos formais do setor de transportes, com mais de 1,3 milhão de profissionais registrados, segundo o estudo.
Distribuição regional exige estratégias específicas de capacitação
O levantamento também analisou a distribuição geográfica dos vínculos empregatícios. São Paulo aparece como o estado com maior número de empregos formais no setor, somando 897 mil vínculos. Em seguida, Minas Gerais ocupa a segunda posição com 297 mil trabalhadores no setor.
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), José Ronaldo Marques da Silva, os dados servem de base para ampliar o acesso à educação técnica para caminhoneiros. “A educação profissional é aliada da segurança nas estradas, da produtividade e da valorização dos trabalhadores. O setor tem enorme potencial de desenvolvimento com a integração de esforços entre entidades, empresas e poder público”, afirmou.