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Estrutura de GNL para abastecer caminhão avança no Brasil

Com o aumento da infraestrutura de distribuição do GNL (Gás Natural Liquefeito), caminhões com a tecnologia devem crescer no País. O gás natural em sua forma líquida ocupa menos espaço no tanque e pode oferecer autonomia igual ao do diesel, sendo mais econômico e sustentável

Andrea Ramos

13 de nov, 2020 · 11 minutos de leitura.

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Estrutura para receber o combustível GNL avança no País
Crédito:Golar Power/Divulgação
Estrutura para receber o combustível GNL avança no País

Os caminhões com tecnologias a gás da Scania abriram um novo caminho para combustíveis alternativos no transporte rodoviário brasileiro. Empresas de distribuição de gás veicular se movimentam para expandir a oferta do produto em todo do território nacional. É o caso da Golar Power Latam que promete oferecer o GNL (Gás Natural Liquefeito) em praticamente todo o Brasil até 2022.

A Golar Power Latam é formada pela união da norueguesa Golar LNG com o fundo Stonepeak, líder global do mercado de GNL. No Brasil, a companhia pretende inaugurar terminais de regaseificação em grande escala. O primeiro foi inaugurado em Aracaju (SE) e entrará em operação até o fim deste ano. .

No terminal sergipano, a Golar é sócia da Centrais Elétricas de Sergipe (Celse), responsável pela implantação da usina termelétrica a gás natural UTE Porto Sergipe I. O conjunto inclui uma usina termelétrica a gás ligada a um terminal de regaseificação.


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Trata-se da primeira estrutura do tipo no País pertencente a uma empresa privada. A capacidade de processamento diário de gás natural será de 21 milhões de m³. Desse total, 15 milhões de m³ serão processados de forma contínua.

Terminais de GNL e caminhões movidos a esse combustível se complementam. Isso ocorre na medida em que o gás natural liquefeito possibilita o transporte de grande quantidade do produto. O processo, que inclui o resfriamento do gás, permite reduzir o seu volume do combustível em até 600 vezes.

Com isso, até mesmo a tara do caminhão é favorecida. Tanques mais leves levam mais combustível e, portanto, garantem maior autonomia. Isso torna a operação tão viável quanto a de caminhões movidos a diesel. E há a vantagem da menor emissão de gases poluentes.


Terminais de GNL no Brasil

Um terminal erguido em Suape, entre os municípios de Ipojuca e Santo Agostinho, em Pernambuco, começa a operar em 2021. Para 2022, está prevista a inauguração de um complexos em Barcarena, no Pará. O objetivo é distribuir o combustível na região Norte. No mesmo ano entrará em operação uma estrutura em Santa Catarina, para atender o mercado de GNL na região Sul do Brasil.

A Golar pretende utilizar a estrutura de armazenamento dos terminais de GNL e levar o gás natural liquefeito em pequenas embarcações. Esse tipo de operação, chamado de cabotagem, deve começar a funcionar no primeiro trimestre de 2021. A parte final da cadeia de transporte será feita por caminhões com ISO-Containers (multimodais).


Projetos de liquefação e a reserva de gás

Vice-presidente da Golar Power, Marcelo Rodrigues diz que outros três projetos menores estão sendo estruturados paralelamente com os grandes terminais. Segundo ele, com isso será possível acelerar a operação de gaseificação e a distribuição do combustível.

Em Uruguaiana (RS), a Golar Power terá uma base de liquefação para complementar a distribuição do GNL na região Sul. Na Argentina há oferta de GNL oriundo de poço maduro (cuja produção já está em declínio). A empresa informa que irá importar o combustível do país vizinho. E que a importação já foi autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pelo Ministério de Minas e Energia.

Na cidade de São Paulo, a Golar Power terá uma planta de liquefação do biometano (gás oriundo do biogás), chamado Bio GNL, em um aterro sanitário. Esse combustível será produzido a partir da matéria prima comprada de empresas parceiras. A operação deve ter início ainda em 2020.


Há também um projeto de liquefação de gás na Bahia. A empresa receberá gás natural de um poço maduro de Itaparica para transformá-lo em estado líquido. O Rio Grande do Norte também tem poço maduro de gás em terra (chamado de onshore).

"Onde houver disponibilidade do gás, com especificação adequada para ser liquefeito, nós queremos avaliar. Nossa estratégia é interiorizar o gás nacional em seu estado líquido", afirma Rodrigues. Segundo o executivo, isso permitirá oferecer o produto onde não há gasoduto. "Aliás, as distribuidoras serão nossas parceiras em cidades onde é possível fazer a rede de gasoduto", diz.

Círculo virtuoso

Para distribuir o combustível, a Golar Power firmou parceria com a Alliance GNLog. A frota da empresa de logística é formada exclusivamente por caminhões Shacman movidos a GNL. Os veículos são trucados e traçados e foram importados da China exclusivamente para essa operação.


CEO da Alliance, Ricardo Rezende diz que a iniciativa deverá incentivar outras empresas de transporte e logística a adotarem caminhões a GNL em operações pesadas. Ou optar pela prestação de serviços da Alliance GNLog com veículos menos poluentes. "O GNL cada vez mais presente, por meio das operações da Golar, vai servir de vetor para abrir o mercado", afirma o executivo.

Logística do GNL abre espaço para mais caminhões a gás

Rezende diz que já há forte demanda dos embarcadores por serviços da Alliance GNLog. Segundo ele, são empresas que precisam transportar cargas em geral e querem uma operação menos poluente e mais econômica.


O executivo afirma que há clientes de áreas como papel e celulose, energia e distribuição de bebidas, por exemplo. "Oferecemos dois modelos de negócio: locação de caminhões para empresas de transporte e serviço logístico para embarcadores, como o que estamos fazendo para a Golar".

A empresa está negociando a compra de novos caminhões a gás da Scania. E está conversando com outras marcas que devem oferecer esse tipo de caminhão em breve no País, como a Iveco.

Em entrevista ao Estradão, o líder da companhia italiana na América Latina, Márcio Quricelli, disse que a Iveco pretende viabilizar a produção do caminhão a gás no Brasil. A filial argentina da companhia já produz esse tipo de caminhão.


Frota GNL atenderá 'Corredores Azuis'

A parceria entre Golar e a Alliance GNLog também marca o início do projeto “Corredores Azuis”. Essa solução é amplamente utilizada na Europa para abastecimento de veículos de carga. O objetivo é fomentar o uso de um combustível mais limpo e econômico que o diesel.

Na fase inicial, haverá duas unidades móveis de abastecimento de GNL da Golar: uma em Sergipe e outra em São Paulo. A Alliance GNLog informa que realizou testes de rodagem e demonstrações para potenciais clientes, como a AmBev.

O objetivo é que mais veículos a gás se juntem à frota. Com isso, será possível expandir o número de pontos de abastecimento. Inclusive além dos “Corredores Azuis”. E também em instalações dedicadas nas bases dos clientes.


A meta é instalar 35 postos de abastecimento em 11 eixos de corredores rodoviários. E atender trechos onde há intenso fluxo de caminhões para escoamento da produção agrícola.

No mapeamento feito pela Golar, foram definidos, por exemplo, corredores nas regiões Sudeste e Sul (São Paulo – Rio de Janeiro; São Paulo – Belo Horizonte; São Paulo – Curitiba e São Paulo – Campinas). Na região Sudeste e Nordeste (São Paulo – Feira de Santana).

E também em Mato Grosso (Sinop – Rondonópolis), Mirituba (PA), Paranaguá (PR), Boa Vista (RR) – Manaus (AM), Porto de Itaqui (MA) – São Luiz (MA), Barreiras e Salvador, na Bahia.


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