Cerca de 91% dos motoristas de veículos comerciais sofrem de estresse. Além disso, 70% acreditam que isso contribui para o aumento dos riscos de acidentes durante a condução. Esses são alguns dos resultados de uma pesquisa feita pela Geotab com motoristas de veículos comerciais na Europa. Seja como for, o dado pode indicar o que acontece com os profissionais de outros países, incluindo o Brasil.
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Para o estudo, intitulado The Unseen Toll: Driver Stress and Road Safety (O Custo Invisível: Estresse do Motorista e Segurança Rodoviária), foram ouvidos 3.501 motoristas de caminhões e vans no Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Irlanda, Itália e Espanha. Os dados foram coletados entre 8 e 14 de abril de 2025. A maioria dos participantes (95%) considera que o risco de acidentes aumentou nos últimos cinco anos, sendo que 61% consideram esse aumento como “muito” ou “bastante significativo”.
Conforme os entrevistados, a pressão para cumprir prazos tem levado muitos a adotar comportamentos de risco. Metade dos motoristas admitiu ultrapassar os limites de velocidade com frequência para concluir as tarefas no tempo estipulado. Esse padrão se repete principalmente na Irlanda (64%), Holanda (62%) e Alemanha (59%).
Pressão diária eleva risco
Além da velocidade, aspectos como tráfego intenso e obras nas vias agravam a rotina dos condutores. Em média, 64% dos motoristas entrevistados afirmam que esses fatores dificultam a realização das entregas. Na Espanha, o índice chega a 78%.
O levantamento também apontou os comportamentos mais perigosos observados nas estradas. Distrações causadas por motoristas que usam celular foram citadas por 42% dos entrevistados, com destaque para a Itália (59%) e a Espanha (53%). Ademais, 37% notaram má condução por parte de outros condutores e 36% identificaram excesso de velocidade como fator recorrente.
Contudo, mesmo diante de tantos desafios, muitos motoristas relataram que não se sentem à vontade para procurar ajuda. Mais da metade (55%) se sente desconfortável em buscar apoio dos empregadores para lidar com o estresse e questões de saúde mental. Esse número sobe para 66% na Irlanda e 60% na Alemanha.
Seja como for, a falta de suporte não é apenas uma percepção. Cerca de 37% disseram que recebem pouco ou nenhum apoio de suas empresas — com destaque para Espanha (50%) e Itália (44%).
Falta de apoio pode agravar escassez de motoristas na Europa
Dessa forma, a insatisfação vem crescendo no setor. Quase metade dos entrevistados (47%) considerou deixar o emprego nos últimos 12 meses. Na Irlanda, esse número sobe para 66%, enquanto na Holanda chega a 58%. Ao mesmo tempo, a Europa já enfrenta uma grave escassez de mão de obra: há mais de 200 mil vagas abertas para motoristas de caminhão, número que pode subir para 745 mil até 2028, conforme projeção da consultoria McKinsey.
Segundo Edward Kulperger, vice-presidente sênior da Geotab para a Europa, Oriente Médio e África, o cenário atual representa uma ameaça à segurança nas estradas e à eficiência da cadeia logística. “A economia europeia depende fortemente dos motoristas de veículos comerciais, mas o estresse os está afastando do setor e colocando a segurança rodoviária em risco”, afirmou.
Apesar disso, muitos motoristas demonstram abertura ao uso de tecnologia para reduzir os impactos do estresse. Conforme constatado na pesquisa, 69% apoiam a adoção de soluções tecnológicas para melhorar o desempenho ao volante. De acordo com a Geotab, o uso de dados telemáticos e inteligência artificial identifica riscos, orienta comportamentos mais seguros e monitora indicadores de bem-estar.