Nesta terça-feira (11), o Programa Mover foi aprovado pelo Congresso Nacional. Assim, se tornando lei com vigência de 5 anos. Como resultado, os fabricantes de veículos comerciais devem anunciar investimentos, bem como trazer soluções de inovação e de descarbonização.
Nesse sentido, por comunicado, a Anfavea, que representa a indústria automotiva, informou que o País já vive o maior ciclo de investimentos ativos por parte dos fabricantes de veículos. Ou seja, somando R$ 130 bilhões até o momento.
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“A Anfavea celebra a aprovação do Mover pelo Congresso Nacional. Afinal, trata-se de uma política industrial que entrega previsibilidade e segurança jurídica para o setor automotivo continuar renovando seus ciclos de investimentos com foco na descarbonização, na segurança veicular, na reindustrialização e na neoindustrialização”, diz Márcio de Lima Leite, presidente da entidade.
Alguns fabricantes que já trabalham em soluções de inovações e de descarbonização já estavam habilitadas pelo Mover, antes mesmo da aprovação do Congresso. Entre os fabricantes de pesados estão Mercedes-Benz, Iveco e Volkswagen Caminhões e Ônibus. Assim como Marcopolo.
Em outras palavras, isso significa que essas fabricantes estão habilitadas para receber créditos financeiros do programa federal para pesquisa e desenvolvimento tecnológico. E que contribuam para a descarbonização dos caminhões e ônibus, bem como para a segurança viária.
Requisitos do programa Mover
Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), idealizador do Mover, independentemente de se habilitarem ou não para usufruir dos créditos financeiros, todas as empresas deverão cumprir os requisitos obrigatórios do programa. O que já ocorria no Rota 2030, antecessor do Mover. Porém, agora atualizado, com novas exigências.
Nesse sentido, há critério para a reciclabilidade e a medição das emissões de carbono em todo o ciclo da fonte propulsora. Ou seja, conhecida como “do poço à roda”. Assim como em todas as etapas de produção e descarte do veículo.
Ainda segundo o Ministério, o Mover prevê um total de R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028. O que podem ser usados pelas empresas para abatimento de impostos federais em contrapartida a investimentos realizados em P&D e em novos projetos de produção.
Também prevê a criação do Fundo Nacional para Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT). Em que os recursos devem ser aplicados em programas prioritários para o setor de autopeças. Assim como demais elos da cadeia automotiva.
Fabricantes investem em descarbonização, segurança e inovação
A Iveco iniciou em 2022 investimentos de R$ 1 bilhão na América Latina e que se estende até 2025. Sendo 60% desses recursos destinados ao desenvolvimento de novos produtos. O que inclui veículos com motores mais limpos.
Diretor de relações institucionais do Iveco Group, Eduardo Freitas, diz que a marca tem investido fortemente em novas tecnologias. “Somos o único player a oferecer diversas soluções de propulsão no mercado”.
Nesse sentido, vale lembrar que a Iveco já tem soluções a gás para veículos pesados. E que na próxima semana fará o lançamento de veículos elétricos para atender o segmento de comerciais leves.
A Volkswagen Caminhões e Ônibus foi a primeira fabricante a apostar na eletrificação dos veículos comerciais com o e-Delivery. Além disso, desenvolveu um parque de soluções de eletromobilidade por meio do e-Consórcio. Esses desenvolvimentos são frutos de investimentos na ordem de R$ 2 bilhões, iniciados em 2021 e projetados para até 2025.
Como resultado, a marca não vai parar por aí. E está no radar ampliar a linha de veículos elétricos. Em agosto, a fabricante fará o lançamento do e-Volksbus.
Ônibus
Do mesmo modo, entre 2018 a 2022, a Mercedes-Benz investiu R$ 2,4 bilhões no Brasil. O capital serviu para modernizar suas fábricas, que atende aos requisitos da indústria 4.0. Além disso, investiu no desenvolvimento de novas tecnologias.
À exemplo disso, lançou em 2021 o ônibus eO500U, primeiro chassi de ônibus elétrico feito pela marca no Brasil. Todavia, na região da América Latina, especificamente no Chile, a fabricante já apresentou suas soluções de eletrificação em caminhões. O que não deve demorar para chegar ao Brasil. Sobretudo, com o Mover.
A Marcopolo é outra fabricante que vem investindo na eletromobilidade. Além de carrocerias para atender os fabricantes de ônibus elétrico, a marca brasileira também investiu no desenvolvimento da própria solução com o ônibus Attivi.
Nesse sentido, visando ampliar as soluções de descarbonização no transporte de passageiros, a fabricante anunciou no ano passado investimentos de R$ 50 milhões. O que contempla melhoria e expansão da fábrica de São Mateus, ES, e desenvolvimento da linha de elétricos.
Mover pode ajudar a incentivar o diesel verde
Todavia, além das soluções de eletrificação, o Mover pode ajudar no desenvolvimento de biocombustíveis mais eficazes para a descarbonização dos motores térmicos. Como o diesel verde ou HVO.
O combustível é obtido a partir de resíduos orgânicos ou biomassa. Portanto, é renovável e, em sua combustão, emite menos gases considerados nocivos. Ou seja, tais como hidrocarbonetos (HC), monóxido de carbono (CO), óxidos nitrosos (NOx) e material particulado (MP).
Além disso, o Brasil tem grande potencial para produzi-lo. Uma vez que é abundante em matérias-primas fundamentais ao seu processo produtivo originadas do agronegócio.