A confiança dos transportadores paulistas caiu para o menor nível desde que a Confederação Nacional do Transporte (CNT) começou a acompanhar esse comportamento do setor, em 2023. No segundo trimestre de 2025, o Índice de Confiança do Transportador (ICT), que avalia o sentimento dos empresários do transporte rodoviário de cargas, ficou em 45,9% no estado de São Paulo.
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A pesquisa mostra uma piora significativa na percepção dos empresários paulistas sobre as condições econômicas e de seus próprios negócios. O índice que avalia o momento presente recuou para 37,2%, queda de 9,1 pontos percentuais em relação ao quarto trimestre de 2024. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 4,7 pontos. Segundo a CNT, a conjuntura de custos elevados, retração da demanda e dificuldade de acesso ao crédito explica parte desse movimento.
Juros elevados e incerteza travam o setor
Entre os principais entraves apontados pelos transportadores paulistas na pesquisa da CNT estão a taxa de juros elevada, que restringe o acesso a financiamentos. A falta de previsibilidade econômica, que compromete o planejamento, é outro obstáculo. Ainda de acordo com o ICT, a atividade industrial e comercial em ritmo lento também contribui para a queda da demanda por fretes e serviços logísticos.
Os empresários citaram ainda o aumento da burocracia, a ausência de reformas estruturantes e a pressão tributária como fatores que reduzem a competitividade do setor. Além disso, a percepção de margens cada vez mais apertadas reforça a cautela nas decisões de investimento, aponta a CNT.
Expectativas estão próximas da estagnação
Mesmo com o ambiente desfavorável, o índice de expectativa para os próximos seis meses ficou em 50,2%. Conforme a CNT, esse valor representa uma visão neutra, sem otimismo ou pessimismo predominante. Ainda assim, houve queda em relação aos trimestres anteriores, indicando que o sentimento de incerteza segue elevado.
Apesar disso, muitas empresas afirmaram ter adotado medidas para tentar manter a operação em condições sustentáveis, como reorganização de processos, treinamentos e busca por novos nichos de clientes. No entanto, essas estratégias não resolvem os entraves estruturais enfrentados pelo setor.
A CNT afirma que o ICT serve como um termômetro para entender o comportamento dos transportadores e que os dados devem servir de base para a interlocução com os poderes públicos.