Caminhoneiros que passam horas seguidas ao volante estão sujeitos ao um grande risco no trabalho: o sono. Assim, para reduzir o risco de acidentes, em 2024 entrou em vigor, na Europa, uma lei que obriga as fabricantes a implantarem tecnologias em seus veículos que identifiquem fadiga. Porém, no Brasil não há nada nesse sentido em andamento, segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Além das novas soluções eletrônicas, as montadoras também tiveram de passar a oferecer cabines maiores. O objetivo é melhorar a vida a bordo justamente dos caminhoneiros que passam dias e, muitas vezes, semanas em viagens pelo continente. Afinal, com mais conforto, o motorista trabalha melhor e a operação fica mais eficiente.
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Entretanto, no Brasil essa realidade ainda parece estar distante dos caminhoneiros da maioria das grandes transportadoras. Bem como dos motoristas autônomos que cruzam as estradas do País. Assim, as empresas acabam buscando soluções que se adequem à realidade dos brasileiros. Ou seja, que possam ser aplicadas sem causar grande impacto sobretudo em relação aos custos.
De olho na sonolência dos caminhoneiros
Exemplo disso, sãos o óculos que detectam previamente a fadiga do motorista, bem como sua escala de cansaço, antes mesmo de chegar à sonolência. O acessório foi desenvolvido pela Optalert, empresa australiana na área de medicina. Ele foca a detecção de sonolência e já é utilizado também no Brasil.
Segundo o diretor da Optalert, Sidnei Canhedo, a tecnologia chegou após estudos feitos pela empresa sobre o fato de o sono e o descanso serem subjetivos. Ou seja, o indivíduo pode até dormir durante as horas necessárias, ter um estilo de vida saudável etc. Porém, não necessariamente descansou.
Fatores psicológicos como estresse podem influenciar na qualidade do sono ou do descanso. “Por essa razão, os óculos conseguem detectar, no caso do motorista, se ele está apto para estar na direção. A gente pode relacionar com o bafômetro, que consegue estabelecer o nível de álcool no organismo”, explica Canhedo.
Níveis de fadiga e sono
Os óculos fazem a detecção prévia de fadiga, mostrando em uma escala de 0 a 10 o nível do cansaço ou sonolência. Dessa forma, o acessório conta com sensores que fazem a leitura dos movimentos oculares em cerca de 500 vezes por segundo. Portanto, tendo condições de dar informações sobre o motorista dentro dessa escala.
“Assim, o gestor de frota consegue avaliar, conforme o nível de cansaço do motorista, se ele está apto para seguir viagem e por quanto tempo. Ou mesmo se deve parar imediatamente para o descanso. Para isso, todas as informações são compartilhadas com o gestor da frota por meio de um aplicativo. E o motorista também pode ter acesso”.
Vale ressaltar que os óculos fazem a leitura da íris do motorista. Portanto, é um acessório exclusivo para cada condutor dentro da frota. E, se por um acaso, o motorista tire os óculos mesmo estando ao volante, um sinal sonoro é emitido na cabine e na central onde é feita a gestão do veículo.
Mas conforme Canhedo, os óculos são direcionados a qualquer tipo de atividade em que há o riscos de sonolência por serem operações repetitivas. Como o caso da atividade de mineração. Nesse sentido, a Vale adotou o sistema em centenas de caminhões fora de estrada na mina de Carajás, no Pará.
Como resultado, a empresa conseguiu extinguir acidentes graves de suas operações. Do mesmo modo, reduzir incidentes ocasionados por distrações em função do cansaço.