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Caminhoneiros trabalham 13 horas por dia e têm renda de R$ 4 mil por mês no Brasil

A renda dos caminhoneiros vem sendo corroída pelos aumentos dos custos, sobretudo do diesel, que representa 50% das despesas, segundo estudo da CNTA

Aline Feltrin

06 de jul, 2022 · 5 minutos de leitura.

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Lucro dos caminhoneiros
Crédito:Scania/Divulgação

Os caminhoneiros brasileiros trabalham, em média, 13 horas por dia. Além disso, a renda, após descontar todas as despesas, é de cerca de R$ 4 mil. Esses são alguns dos resultados de um estudo encomendado pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). O levantamento foi feito pela GP Pesquisas com mil profissionais autônomos no mês de abril deste ano.

De acordo com a CNTA, o objetivo era traçar o perfil dos caminhoneiros para depois implementar ações de melhoria das condições de trabalho da categoria. Para isso, a GP ouviu profissionais de diferentes Estados. Conforme a empresa, participaram motoristas em Contagem (MG), Feira de Santana (BA), Paranaguá (PR), São Paulo e Santos (SP).   

Alta do diesel corrói renda dos caminhoneiros

Conforme o levantamento, a renda dos caminhoneiros é baixa em relação aos custos de manutenção dos caminhões, que não param de subir. O combustível é o item que mais pesa nessa conta. Segundo a CNTA, o diesel representa até 50% dos gastos mensais com o veículo. Segundo a Ticket Log, em junho o preço médio do litro do óleo diesel comum nos postos do País ficou em R$ 7,87.


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frete
Diesel, que ficou 9,8% mais caro em junho, representa 50% dos custos com o caminhão: Foto: NTC

Ou seja, houve alta de 9,8% na comparação com o valor apurado em maio. Da mesma forma, o preço médio do diesel S-10 foi de R$ 8 no período. Portanto, subiu 9,9%. De acordo com o levantamento, no primeiro semestre de 2022 os preços do diesel comum e do S-10 acumulam alta de R$ 36,4% e 37,3%, respectivamente. Essa é a primeira vem em 12 anos que o preço do diesel fica mais alto que o da gasolina, vendida por, em média, R$ 7,56 em junho.

Frete baixos

Conforme o assessor-executivo da CNTA, Marlon Maues, o aumento de custos é apenas um dos fatores que precarizam da profissão. De acordo com ele, a oferta de mão-de-obra é maior que a de contratos de frete.


Como resultado, é difícil para os caminhoneiros autônomos contratarem fretes com preços justos. “Quem não quiser carregar pelo valor oferecido é substituído por outro autônomo que aceita preços menores”, afirma Maues. Segundo ele, isso também está relacionado à dificuldade de os caminhoneiros negociarem diretamente com os embarcadores.

Para o representante da CNTA, outro fator que prejudica a categoria é a falta de informação. Reportagem do Estradão revela que quase metade dos entrevistados em uma recente pesquisa desconhecem a tabela de preços mínimos de frete. Conforme Maues, isso só é bom para os intermediários. "Bem como para as transportadoras que repassam o frete e não cumprem a lei.”

Tabela de frete

A regra foi criada após a greve da categoria, que parou o País em 2018. A lei determina que os valores sejam reajustados a cada seis meses. Bem como toda vez que o preço do diesel suba mais de 10%. Contudo, são constantes as reclamações sobre o não cumprimento da tabela.


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