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Caminhoneiros ameaçam greve e tanqueiros prometem parar na quinta-feira

Segundo os caminhoneiros, entre os motivos estão as constantes altas do preço do diesel e o descaso do governo com a categoria

Andrea Ramos

18 de out, 2021 · 10 minutos de leitura.

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Caminhoneiros
Crédito:CNT/Divulgação
Caminhoneiros estão com margens de lucro cada vez mais apertadas. Segundo a categoria, não há ameaça de greve. O que existe é o risco de haver falta de condições para continuar trabalhando

Caminhoneiros de todo o Brasil estão em "estado de greve", segundo entidades que representam a categoria. O motivo seria a perda de renda causada pelas frequentes altas do preço do diesel. Bem como os aumentos dos preços de pneus e outros insumos. Além disso, eles dizem que o governo federal não cumpriu as promessas feitas para encerrar a greve de 2018. Assim, eles ameaçam uma paralisação completa. Marcada para ocorrer a partir do dia 1º de novembro. Porém, os tanqueiros (motoristas que transportam combustíveis), podem parar já na madrugada de quinta-feira (21).

A informação foi confirmada ao Estradão na manhã desta segunda-feira (18) pelo presidente da Associação das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados do Petróleo do Rio de Janeiro (Associtanque-RJ), Ailton Gomes. De acordo ele, além dos tanqueiros do Rio, os de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo também vão aderir à paralisação.

“Não estamos mais conseguindo trabalhar. Essa paralisação representa um basta feito por toda a sociedade. Porque, se aumenta o preço do combustível, sobem os dos alimentos. Assim como de outros produtos. Não é só o caminhoneiro que está insatisfeito. Toda a sociedade está. E, tenho certeza, que vai nos dar apoio”, diz Gomes.


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Caminhoneiros prometem greve geral

Segundo ele, os tanqueiros vão ficar parados até que o governo federal tome medidas concretas. E melhore as condições de trabalho dos profissionais. “Vivenciamos há meses um jogo de empurra", diz. De acordo com Gomes, o governo federal culpa os governos do Estados pelos aumentos do diesel e vice-versa. "Alguém tem de responder por isso. Senão, permaneceremos parados”.

De acordo com o presidente do Sindicato Das Empresas Transportadoras De Combustível e Derivados De Petróleo do Estado de São Paulo (Sinditanque-SP), Sandro Gonçalves, a situação se agravou ainda mais. Porque faz tempo que a categoria ameaça paralisar. "Porém, agora estamos trabalhando no limite. E somos cobrados a tomar alguma atitude. Não dá mais para ficar só na ameaça".

Presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes, informou que a categoria só não vai aderir à greve desta semana, se o governo, federal ou do Estado, der algum retorno. Ou seja, negociar com a classe até amanhã. Segundo Irani, como não há uma liderança nacional. Por isso, a classe têm que se apoiar.


De mesmo modo, confirmou a adesão, o Sindicato Das Empresas Transportadoras De Combustível e Derivados De Petróleo do Estado do Espírito Santo (Sinditanque-ES). Por meio do presidente, José Alves de Oliveira Júnior.

Outras categorias de caminhoneiros de todo País também ameaçam parar. Nesse sentido, há uma greve marcada para o dia 1º de novembro. Conforme os sindicalistas, a decisão foi tomada no sábado (16). Em encontro no Rio de Janeiro com representantes de pelo menos 21 Estados.

A reunião foi organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). Bem como teve o apoio da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava).


Pauta de reivindicações

Além disso, representantes de sindicatos de vários municípios também participaram. A principal pauta foi a revisão da política de preço dos combustíveis atribuída à Petrobras e conhecida como Preço de Paridade de Importação (PPI). "A situação está insustentável", diz o diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Armando Romero.

Segundo ele, já há motoristas autônomos que não conseguem trabalhar. De acordo com o sindicalista, os valores pagos pelo frete, outro tema discutido na reunião, não acompanham a alta do combustível. “A conta não fecha”, afirma.

Além da revisão do piso mínimo de frete, os caminhoneiros também querem a volta da aposentadoria especial com 25 anos de contribuição. Bem como a inclusão do desconto do INSS pago pelo caminhoneiro. Conforme a Lei do Documento de Transporte Eletrônico (PL 2574/2021). Entre outras medidas, a categoria pede que haja melhorias nos pontos de parada para descanso nas rodovias.


Entrega de vacinas não será prejudicada

Diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer diz que o governo federal não atende as demandas dos caminhoneiros. Segundo ele, a categoria se sente enganada. “O governo Bolsonaro teve quase três anos para desenvolver um programa de melhoria para o transportador autônomo." De acordo com ele, agora o prazo para que a pauta seja cumprida é de 15 dias.

Segundo Romero, a decisão de parar está sendo discutida há bastante tempo. Ele afirma que a categoria vem se reunindo e tentando negociar com o governo. Porém, diz ele, até o momento as reivindicações não foram atendidas. O sindicalista afirma que não se trata de uma decisão política. "A greve visa garantir os direitos da classe. Bem como sua sobrevivência."


Seja como for, se houver mesmo uma paralisação, Romero diz que os caminhoneiros vão garantir o fornecimento de alguns itens. Por exemplo, ele cita as vacinas, como as contra a covid-19.

Renovação de frota

De acordo com os caminhoneiros, o governo chegou a sinalizar que faria medidas para ajudar a categoria. É o caso do programa Gigantes do Asfalto, lançado em maio deste ano. O pacote inclui antecipação de frete, emissão de documento de transporte eletrônico. Assim como a oferta de linhas de crédito para os motoristas autônomos. Porém, até o momento apenas o DT-e e mudanças na pesagem dos caminhões foram implementados.

Recentemente, o Estradão publicou uma reportagem sobre o possível lançamento de um programa voltado à renovação da frota. Batizado de Renovar, o pacote poderia facilitar a troca do caminhão antigo por outro mais novo. Com isso, o objetivo é reduzir os custos de manutenção. Bem como as despesas com combustível.


Porém o presidente da Abrava, Wallace Landim, afirma que "isso não passa de cortina de fumaça". Segundo ele, esse tipo de iniciativa visa apenas desviar a atenção da categoria. "Como o caminhoneiro vai trocar de caminhão se ele nem consegue encher o tanque de diesel?"

Atualizada às 18h17

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