A produção de caminhões no Brasil em janeiro somou 4.049 unidades. Ou seja, houve queda de 72,3% na comparação com os números de dezembro, quando a produção de caminhões somou 14.614 unidades. Os dados são da Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no País.
Da mesma forma, houve queda na comparação com a produção de caminhões registrada em janeiro de 2022. Naquele mês, foram feitas 9.463 unidades. Portanto, a retração foi de 57,2%. Seja como for, a queda era esperada. No mês passado, a diretoria da Anfavea sinalizou que haveria retração.
Segundo o vice-presidente da associação, Gustavo Bonini, a queda está ligada à mudança da legislação de controle de emissões. A nova fase do Proconve P8, equivalente à europeia Euro 6, começou a valer em janeiro. Portanto, as montadoras deram férias coletivas em janeiro em vez de dezembro.
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Ajustes nas fábricas
Com isso, no último mês do ano elas aceleraram a produção de caminhões com o sistema antigo. Afinal, dá para vender essas unidades até março. No mesmo sentido, as montadoras aproveitaram para fazer ajustes e manutenção de suas plantas e sistemas de produção em janeiro.
Portanto, Bonini diz que os baixos números de janeiro não estão ligados à queda na demanda. "Mas sim com uma redução (da produção de caminhões) por causa dessa calibração". De acordo com o executivo, "esse cenário já era esperado”.
Situação remete a 2012
Segundo ele, algo parecido ocorreu em janeiro de 2012. Ou seja, quando ocorreu a mudança de motores de Euro 3 para Euro 5. “Os volumes foram baixos naquele início de ano. No entanto, 2012 foi um dos melhores anos para a indústria de caminhões”, relembra o executivo.
Porém, Bonini afirma que, diferentemente do que ocorreu há uma década, não houve uma corrida dos consumidores em busca dos caminhões com sistema anterior. Seja como for, os modelos que atendem as novas regras têm preços até 30% mais altos.
Produção de ônibus também recua
Vale informar que a produção de ônibus também recuou em janeiro. De acordo com a Anfavea, foram feitas 1.325 unidades. Ou seja, 58% a menos que as 1.858 entregues em dezembro de 2022. Além disso, ante as 1.858 feitas no mesmo mês do ano passado, a queda foi de 41%.
Segundo Bonini, esse resultado não deve interferir na recuperação do setor. Ele lembra que, exceto no mês passado, a produção de ônibus vem crescendo de forma sustentável. Contribui com isso as entregas para atender as encomendas geradas pelo Programa Caminho da Escola. Bem como os pedidos do setor de transporte rodoviário.
"E isso deverá continuar ocorrendo ao longo do ano", afirma o executivo. Seja como for, a projeção da Anfavea para este ano não é animadora. Segundo a associação, em 2023 devem ser produzidas 154 mil unidades, somando ônibus e caminhões. Portanto, se a estimativa for confirmada, haverá queda de 20,4% na comparação com os resultados de 2022.