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Caminhões a hidrogênio da Daimler superam 225 mil km em testes

Cinco caminhões a hidrogênio Mercedes-Benz GenH2 Truck percorreram mais de 225 mil quilômetros em testes na Alemanha

Thiago Vinholes

03 de set, 2025 · 6 minutos de leitura.

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Daimler Truck, Mercedes-Benz GenH2 Truck, caminhões a hidrogênio
Teste na Alemanha reuniu cinco caminhões Mercedes-Benz GenH2 Truck
Crédito:Daimler Truck/Divulgação

A Daimler Truck concluiu recentemente a primeira fase de testes com uma frota de caminhões a hidrogênio Mercedes-Benz GenH2 Truck em operações reais na Alemanha. De acordo com a empresa, os cinco protótipos usados na avaliação ultrapassaram a marca de 225 mil quilômetros rodados, o equivalente a cinco voltas e meia ao redor da Terra.

Os veículos entraram em operação em julho de 2024, em parceria com empresas como Amazon, Air Products, Wiedmann & Winz. Cada parceiro utilizou os caminhões em rotas específicas, que incluíram, por exemplo, transporte de gases, cimento, PVC e contêineres.

De acordo com o fabricante, o consumo médio de hidrogênio do protótipos variou entre 5,6 e 8 kg a cada 100 quilômetros, com autonomia superior a 1.000 km por abastecimento. Os reabastecimentos duram de 10 a 15 minutos.

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Reabastecimento de hidrogênio líquido leva até 15 minutos - Daimler Truck/Divulgação

“Ao demonstrar desempenho, confiabilidade e eficiência em várias aplicações, conseguimos coletar informações valiosas para o avanço até a produção em série”, afirmou Michael Scheib, chefe de desenvolvimento de veículos da Mercedes-Benz Trucks.


O Mercedes-Benz GenH2 Truck representa a segunda geração de caminhões a hidrogênio da Daimler e foi desenvolvido a partir da linha Actros. O modelo é um FCEV, sigla em inglês para “Veículo Elétrico com Célula de Combustível”, o dispositivo que gera eletricidade ao combinar hidrogênio com o oxigênio do ar. O sistema usado no caminhão é fabricando pela cellcentric, joint venture da Daimler Truck com o Volvo Group. O caminhão tem PBTC de até 40 toneladas.

Testes com clientes

O GenH2 Truck é abastecido com hidrogênio líquido (sLH₂). De acordo com a Daimler, nesse estado, o combustível oferece maior densidade energética do que o gás comprimido. Nos testes, as transportadoras realizaram 285 recargas e consumiram cerca de 15 toneladas de sLH₂.

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A Amazon foi uma das empresas que participou da avaliação na Alemanha - Daimler Truck/Divulgação

Ainda segundo o grupo alemão, para percorrer os mesmos 225 mil quilômetros do teste, um caminhão convencional teria consumido cerca de 58 mil litros de diesel, emitindo em torno de 154 toneladas de CO₂.

“Com a alta autonomia e reabastecimento rápido, podemos usar o GenH2 Truck como um caminhão a diesel. Não podemos depender de uma única tecnologia. Precisamos de uma combinação entre elétricos a bateria e caminhões a hidrogênio”, disse Micha Lege, diretor da Wiedmann & Winz.


Obstáculos para a adoção em larga escala

Apesar dos resultados, o teste da Daimler com empresas parceiras revelou entraves para a expansão da tecnologia. O maior deles é a falta de infraestrutura de abastecimento. Durante os testes, os caminhões dependeram apenas de duas estações de hidrogênio líquido, em Wörth am Rhein e Duisburg. Para viabilizar operações em larga escala, o grupo estimou que a Europa precisará de cerca de 2.000 postos até 2030.

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Os caminhões a hidrogênio da Mercedes-Benz já estão na segunda geração - Daimler Truck/Divulgação

Outro desafio é econômico. O alto custo do hidrogênio, bem como o preço elevado dos seguros para veículos FCEV, ainda tornam inviável um TCO (custo total de propriedade) competitivo com os caminhões a diesel. Assim, mesmo com os benefícios ambientais, os veículos ainda não se sustentam financeiramente sem apoio regulatório ou subsídios, segundo a Daimler.

Segunda fase de testes com caminhões a hidrogênio

A Daimler Truck planeja iniciar a segunda fase de testes no fim de 2025, com cinco novos clientes e outros cenários de uso. Além disso, o fabricante planeja a produção em pequena escala de 100 unidades pré-série na fábrica de Wörth, antes da expansão industrial programada para a década de 2030.

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