O mercado brasileiro de caminhões a gás e biometano ganhou um importante reforço em 2025. O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), via BNDES vai garantir a oferta de linhas de crédito para a compra de veículos pesados movidos a combustíveis alternativos. Bem como para converter motores a diesel em a gás.
Dessa forma, a medida é vista como essencial para acelerar a redução das emissões do setor de transporte rodoviário de cargas. Conforme a presidente da Associação Brasileira do Biogás e Biometano (ABiogás), Renata Isfer, a novidade também ajuda a diversificar a matriz energética.
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“A gente precisa olhar para a carga pesada e para os veículos de passageiros", diz Isfer. De acordo com ela, 53% das emissões do setor de transporte vêm desses veículos, que representam apenas 6% da frota nacional. Ou seja, isso mostra o potencial de impacto positivo da medida.
Além disso, o BNDES liberou R$ 130 milhões para o chamado projeto Gás Verde. Portanto, são recursos voltados para à produção de biometano. Segundo Isfer, esse tipo de iniciativa permitirá acelerar a transição energética não apenas do setor no transporte, mas também da indústria e da agroindústria.
Scania e Iveco aceleram projetos com caminhões a gás
Seja como for, de olho nesse cenário promissor, marcas como Scania e Iveco reforçam suas estratégias para ampliar a oferta de caminhões a gás e biometano. A Scania foi pioneira no segmento de pesados a gás no Brasil e, desde 2019, já vendeu mais de 1.500 unidades desse tipo de veículo.
Recentemente, a Scania lançou versões voltadas ao agronegócio e o transporte florestal. Em outras palavras, nichos nos quais a logística de abastecimento pode ser integrada às próprias cadeias produtivas, tornando o uso do biometano mais viável.
A Iveco, por sua vez, aposta no S-Way CNG 460, que já também poderá ser adquirido por meio das linhas de crédito do Fundo Clima. Conforme o diretor de marketing da marca, Carlos Fraga, o S-Way a gás tem conteúdo nacional e desempenho equivalente ao diesel.
Dessa forma, está dentro dos critérios exigidos pelo BNDES. Segundo informações do banco, nesse caso a taxa de juros parte de 9,5% ao ano. Além disso, os prazos de pagamento são de até16 anos e a carência é de cinco anos.

No mesmo sentido, a Iveco busca incluir o Tector CNG, caminhão para operações urbanas e de médias distâncias, no mesmo programa de financiamento. O modelo montado na Argentina vem sendo testado por clientes brasileiros, como a Femsa, que atua no segmento de bebidas.
“Se não for possível enquadrar o Tector de imediato, estudamos a possibilidade de nacionalizar a produção para aproveitar essa oportunidade”, diz Fraga.
Produção de caminhões a gás deve crescer no Brasil
O aumento do interesse dos transportadores por caminhões a gás tem feito as fabricantes ampliarem a produção. Segundo a Iveco, um lote com 100 unidades está sendo produzida, sendo que a entrega de cerca de 30% deve ocorrer ainda neste ano.
A expectativa é de que as novas opções de planos de financiamento ajudem a acelerar o segmento. Seja como for, segundo o gerente do departamento de gás, petróleo e descarbonização do BNDES, André Mendes, as melhorias no Fundo Clima também contemplam projetos de infraestrutura. Entre eles, a instalação de pontos de abastecimento de biometano e a aquisição de caminhões destinados à distribuição desse combustível.

Combustível do Futuro e RenovaBio devem impulsionar biometano em 2026
Outro fator que deve acelerar a expansão do biometano no transporte rodoviário é a regulamentação do programa Combustível do Futuro, prevista para ser concluída até o fim de 2025. E com metas obrigatórias a partir de janeiro de 2026.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o biometano se destaca como o combustível com maior benefício ambiental mensurável. Assim, sendo reconhecido pelo RenovaBio, programa nacional de descarbonização dos combustíveis.
A expectativa é que a iniciativa impulsione o crescimento do mercado. E torne o biometano protagonista da transição energética no Brasil.
Assim, a combinação de políticas públicas, linhas de financiamento e investimentos privados cria um ambiente favorável para a expansão de caminhões movidos a gás e biometano no Brasil. Com isso, o País dá um passo importante rumo a um transporte de cargas mais sustentável, econômico e alinhado com as metas globais de redução de emissões.