Adalberto Jardim estreou na temporada 2023 da Copa Truck com o caminhão remanufaturado. Ou seja, é o único da temporada feito com peças usadas. Segundo o piloto, a ideia é mostrar que é possível levar a chamada economia circular para a competição. De acordo com ele, seu caminhão é tão competitivo quanto os que utilizam apenas componentes novos.
Conforme Jardim, seu Mercedes-Benz Actros têm a mesma durabilidade dos caminhões das outras equipes. Ou seja, em torno de cinco corridas. Evidentemente, desde que não haja nenhum acidente. Ele afirma que o modelo começou a ser montado em 2020. “Até 2019, eu era patrocinado pela Ford. Porém, quando a marca encerrou a produção de caminhões no Brasil, o patrocínio acabou", diz.
Carenagem de fibra de bambu
"Naquele período, nenhuma marca mostrou interesse em ter um ex-piloto da Ford”, diz. Portanto, a saída foi partir para a carreira solo. Assim, o piloto viu a oportunidade de voltar às pistas de uma forma inovadora. E, evidentemente, com o menor custo possível. A partir daí, Jardim começou a desenvolver um caminhão com uma proposta que, segundo ele, é mais sustentável.
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De acordo com Jardim, até a cor verde do caminhão faz alusão à nova pegada. No mesmo sentido, o nome da equipe mudou de AJ5 MotorSport para AJ5 EcoSport. “Em 2020, desenvolvi uma cabine com fibra de bambu", diz o piloto. Segundo ele, o regulamento permite que a carenagem seja feita com algum tipo de fibra, como a de vidro ou de carbono. "Optei pelo bambu por ter descarte mais limpo", afirma.
Caminhão tem 80% das peças remanufaturadas
Aliás, a cabine, usada, foi comprada em um leilão. Depois, foi refeita e recebeu reforços para atender as regras de segurança da competição. Da mesma forma, a suspensão e os eixos foram modificados e preparados para as pistas. “Eu poderia comprar esses componentes novos. Porém, não faz sentido gastar mais se, na prática, o resultado é igual”.
Conforme Jardim, o diferencial usado até traz vantagens em relação ao novo. De acordo com ele, no processo de usinagem a peça de segunda mão é realinhada. Assim, isso pode garantir resultados melhores do que a do item novo. Até mesmo os freios são remanufaturados. Nesse caso, pela Frum.
Peças remanufaturadas 'de fábrica'
Diferentemente da cabine, o chassi do caminhão é novo. Afinal, o do modelo de competição é mais curto que o "de rua". Da mesma forma, os pneus são novos. Já o motor MB OM 457, o mesmo utilizado no Axor, também têm peças móveis fornecidas pela Renov. Ou seja, a divisão da Mercedes-Benz que oferece componentes remanufaturados.
Portanto, bloco, bielas, unidades de injeção, bomba de combustível e de pressão de óleo são usados. Por sua vez, pistões, camisas, bronzinas, anéis e juntas são novos. “Apesar de não termos acordo comercial com a Mercedes-Benz , usamos peças da Renov porque a marca é a que mais divulga esse serviço", diz Jardim, Além disso, ele afirma que a alemã fornece toda a literatura técnica aos mecânicos do time. A transmissão, manual de seis marchas e utilizada em ônibus, também é remanufaturada pela ZF.
Caminhão até 30% mais barato
Segundo Jardim, seu caminhão é 30% mais barato que um novo equivalente. E, como tem várias peças usadas, vem atraindo patrocinadores que querem apoiar ações ligadas a ESG. É o caso da CastCril, do setor de acrílico, e do Grupo Décio. A rede de postos de combustível também é parceira do Movimento A Voz Delas, da Mercedes-Benz.
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