Os espelhos retrovisores sempre foram peças fundamentais para a segurança veicular. Mas, com os avanços tecnológicos, esses componentes começaram a ser substituídos nos caminhões por sistemas de monitoramento por câmeras — uma solução mais moderna, eficiente e segura.
Assim, a principal função dos espelhos retrovisores é ampliar a visibilidade das laterais e da traseira do veículo. Permitindo ao motorista enxergar áreas que não estão no campo de visão direto. Nos caminhões, isso é ainda mais importante por causa do tamanho e da dificuldade de manobra em ambientes urbanos ou rodovias.
Tradicionalmente, esses espelhos são fixados em carcaças posicionadas na lateral da cabine. Ou seja, na altura dos olhos do condutor.
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Pontos cegos: o maior desafio dos espelhos retrovisores tradicionais
Apesar de sua importância, os espelhos convencionais têm limitações. Eles criam os chamados pontos cegos, áreas ao redor do caminhão que ficam fora do alcance visual do motorista, mesmo com ajustes corretos. Isso ocorre pela posição e pelo formato das lentes. O que pode esconder veículos menores como motocicletas e bicicletas, representando um risco na condução.
E para eliminar essas áreas perigosas que a indústria começou a desenvolver soluções baseadas em câmeras, que projetam imagens em telas dentro da cabine. Proporcionando visão completa e sem interrupções.
A história dos retrovisores: de Elmer Berger aos caminhões futuristas
Os retrovisores começaram a ganhar espaço nos veículos no início do século 20. Embora Elmer Berger tenha patenteado o componente em 1921 para carros de passeio, registros apontam que o piloto Ray Harroun já utilizava um dispositivo semelhante em 1911, ao vencer as 500 Milhas de Indianápolis com o lendário Marmon Wasp.
Curiosamente, a piloto britânica Dorothy Levitt também recomendava o uso de um pequeno espelho de mão para monitorar o trânsito enquanto dirigia. Reforçando a importância da visibilidade traseira.
Seja como for, a adoção em larga escala veio anos depois. Ou seja, quando a Ford equipou o Modelo T com espelho retrovisor, tornando-se o primeiro carro de produção seriada a contar com esse item de segurança.
O futuro chegou nos pesados: sistemas de câmeras substituem espelhos
Chamados de CMS (Camera Monitoring Systems), os sistemas de câmeras estão revolucionando o mercado de caminhões. Além de eliminar os pontos cegos, eles oferecem melhor visibilidade em condições adversas, como chuva, neblina ou mesmo durante a noite.
Outra vantagem é a melhoria na aerodinâmica, já que a ausência das carcaças dos espelhos reduz o arrasto. Portanto, diminui o consumo de combustível.
A Mercedes-Benz foi a primeira fabricante a apresentar a solução em um caminhão conceito, o Future Truck 2025, em 2014. Quatro anos depois, a tecnologia entrou em produção no Actros na Europa e no ano seguinte no Brasil, equipado com o sistema MirrorCam. E em 2022, o componente ganhou uma segunda geração.
Segundo a marca da estrela, as atualizações foram feitas com base na experiência do cliente. Como novidade, os braços das câmeras em ambos os lados do caminhão ficaram 10 cm mais curtos. Isso se aplica tanto a modelos com cabine estreita quanto larga. De acordo com a Mercedes-Benz, isso ajuda o motorista em manobras em marcha a ré, por exemplo.
Além disso, foram feitos outros ajustes no corpo da câmera. É o caso de uma borda para gotejamento, incorporada na parte inferior da MirrorCam. Assim, a água não escorre mais para a superfície da lente. Até então, a visibilidade na chuva podia ficar prejudicada.
A Volvo seguiu o mesmo caminho com o novo FH 2025. Entre os destaques dos retrovisores digitais, está a movimentação refinada das câmeras, que acompanham o final do reboque e se ajustam conforme a condução, permitindo ao motorista melhor visibilidade tanto do lado do motorista quanto do passageiro.
Esse recurso se torna ainda mais importante durante manobras, já que possibilita visualizar a parte traseira da composição de maneira que nenhum espelho óptico convencional conseguia. Outra vantagem das câmeras é a visibilidade total noturna, com o uso de luz infravermelha.
Atualmente, as duas fabricantes oferecem a solução no Brasil, ainda como item opcional. E com custo médio em torno de R$ 15 mil.
Na Europa tecnologia está presente em mais marcas de caminhões
Todavia, na Europa, a tecnologia está mais madura. Por lá, a Scania lançou o Mirror View Camera (SMVC) em 2021. Na sequência, MAN, DAF e Iveco também adotaram a tecnologia em suas linhas pesadas.
Hoje, os sistemas de câmeras se consolidam como tendência no transporte de carga. Dessa forma, atendendo às exigências de segurança e eficiência cada vez mais rigorosas no setor.
