Das seis marcas de caminhões pesados presentes no País, só faltava a Iveco oferecer um caminhão topo de linha. Ou seja, com conforto e acabamento Premium, além de inteligência embarcada e sistemas de segurança. E agora com o Iveco S-Way, a fabricante oferece um caminhão com fôlego para ter forte presença no mercado.
Aliás, nesse sentido, vale lembrar que Volvo, DAF, Scania, Mercedes-Benz estão presentes com seus pesados na lista dos 10 mais vendidos do mercado. A Volkswagen também já esteve nesse lugar. E agora falta a Iveco fazer a sua estreia. Afinal, estar no ranking dos caminhões mais vendidos do Brasil é um bom termômetro para medir sua aceitação.
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Dessa forma, tecnicamente, a Iveco tem um produto adequado. A começar pelo trem de força que se ajusta às demandas da operação de transporte rodoviário.
Cursor trabalha com a Traxon
O motor é o Cursor 13 produzido pela FPT. Um seis-cilindros em linha e 13 litros que traz o sistema de injeção Common Rail atualizado para atender os limites de emissões Proconve P8 (Euro 6). Nesse sentido, o motor usa a tecnologia SCR em combinação com o filtro DPF e o sistema oxidante DOC. A combinação dessa tecnologia é denominada Hi eSCR.
Assim, o motor da versão avaliada pelo Estradão desenvolve potência de 480 cv, entre 1.400 e 1.900 rpm. O torque é de 250 mkgf, que, na faixa verde, está disponível a partir de 1.000 rpm e chega a 1.400 rpm.
Contudo, na prática, já a 900 rpm a força está disponível. Vale lembrar que, nessa experiência, rodamos com o caminhão carregado com 22t de carga líquida. Mas trata-se de um caminhão 6x2. Portanto, capaz de tracionar 58 t de peso bruto total (PBTC) no semirreboque 4º eixo.
O Cursor 13 trabalha em conjunto com a caixa Traxon, da ZF. Além de ser automatizada de 12 marchas e duas rés, conta com uma série de recursos que eliminam, por exemplo, a tensão do motorista estar o tempo todo tentando equilibrar velocidade e rotação para poupar diesel.
Inteligências na direção
Entre os recursos que merecem destaque, estão os modos de condução Eco e Power. No primeiro, o caminhão poupa diesel. Por essa razão, em velocidade de cruzeiro, o torque não sai da faixa verde. Já o modo Power dá força ao veículo, sobretudo nas ultrapassagens ou na hora de vencer um trecho mais íngreme com o caminhão carregado. Porém, ao identificar que o veículo não precisa mais da força extra, o próprio caminhão "entende" e desabilita o recurso.
Outra inteligência da caixa Traxon é o Predictive Cruise Control (PCC). Ele "reconhece" a situação da estrada com 2,5 km à frente. Dessa forma, faz a tomada de decisão mais adequada em relação à potência e ao torque, com o objetivo de poupar diesel. Isso é possível porque a Traxon tem todas as rotas do Brasil mapeadas.
S-Way 480 6x2 nos detalhes
Avaliamos o caminhão na versão com cabine teto alto e com pacote Tech. Ou seja, equipado com multimídia de 7" e chave presencial, com a partida do motor por botão. O painel bem curvo do veículo deixa o motorista envolvido como em um cockpit. E com tudo à mão. Um diferencial é a troca de marcha no painel. Isso porque a Traxon dispensa o câmbio convencional. Dessa forma, o motorista aciona o modo de direção pelas teclas D (drive), N (neuto) e R (marcha ré).
No quesito conforto, a suspensão a ar do banco do condutor pode ser ajustada conforme o peso e altura. E também traz mais estabilidade ao passar por pisos irregulares. Falta ao veículo a suspensão pneumática. Mas, segundo a Iveco, a marca deve introduzir nos caminhões 6x2 e 4x2 já em 2024. A estação de descanso conta com cama ampla. E com geladeira na parte inferior de série.
De carona no S-Way
Graças ao nível de inteligência S-Way, o instrutor Júlio César Sabará iniciou a viagem optando por usar a caixa no modo automático em 100% da operação. Dessa forma, "é possível focar mais no trânsito", diz.
Além disso, quanto mais recursos do caminhão o condutor usufruir, maiores são as chances de fazer boa pontuação no Eco Drive. Esta é uma ferramenta que, tal como um instrutor, dá notas ao motorista conforme a sua performance ao volante. Ou seja, o sistema avalia a quantidade de frenagens e acelerações. E, quanto mais o motorista usa o pedal do freio, ao invés do freio motor, ou mesmo faz acelerações desnecessárias, o sistema baixa a nota.
Assim, uma avaliação é dada a cada final de viagem e pode ser acompanhada no painel do computador de bordo. Seja como for, na nossa rota, partimos da concessionária Mercalf, em Jundiaí, com destino a Itu, no interior paulista. Ou seja, uma rota de 100 km com muitos aclives e declives pelas rodovias Marechal Rondon e Engenheiro Herculano.
Aliás, a rota escolhida foi justamente para mostrar os recursos do Iveco S-Way. Por exemplo, como o limite da estrada para veículos pesados é de 80 km/h, Sabará optou por programar o piloto automático para rodar a 75 km/h. Entretanto, cada vez que o piloto enxergava a chegada de um trecho de descida, já colocava em ação o freio-motor.
Com esse ajuste, o motorista só pisou no freio de serviço nas duas praças de pedágio da rota. Além, é claro, na hora de parar o caminhão por completo na concessionária.
A força do poder de frenagem
Nesse sentido, o freio-motor do S-Way é um dos mais fortes da categoria. Com poder de frenagem de 610 cv distribuídos em quatro estágios. No primeiro, já é capaz de frear 13% de sua capacidade. No segundo estágio, permite reduzir a velocidade do caminhão em 50% e, no terceiro estágio, em 80%. Portanto, no quarto e último é possível quase parar o caminhão.
Contudo, pela experiência e para garantir a segurança no trânsito, quando o motorista enxergava uma descida mais intensa, deixava a cargo do piloto automático, programado a 60 km/h. Bem como do freio-motor. Aliás, por causa dele, em 11ª marcha, a rotação fica a 2.000 rpm.
Em relação à velocidade de cruzeiro no trecho plano da rodovia, Sabará desabilitou o freio motor e o piloto automático. Dessa forma, a rotação cai para 1.100 na mesma marcha. Porém, a uma velocidade de cruzeiro de 80 km/h. Assim, ao utilizar os recursos do Iveco S-Way, Sabará teve 99% de aproveitamento ao volante. Já com relação à média, nos 101 km percorridos, o caminhão consumiu 37 litros de diesel, com média de 2,7 km/l.
Veredicto
O Iveco S-Way avaliado custa, segundo a Fipe, R$ 882.024 nesta configuração de potência e tração. Mas o veículo ainda tem a opção do pacote segurança. Assim, passa a ser equipado, com frenagem de emergência LDWS e de advertência de saída involuntária de faixa de rolagem. Além do ACC, sistema automático de regulagem da velocidade.
Sobre o preço nessa versão, a Iveco não informa. Contudo, na avaliação do Estradão, fica claro que em termos de tecnologias embarcadas, o S-Way não deixa a desejar. Um caminhão que chega no ótimo momento que a Iveco vive no País. E que tem tudo para ajudar a marca a conquistar ainda mais participação de mercado.