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Aumento do ICMS em São Paulo pode comprometer vendas de caminhões

O ICMS terá aumento apenas no Estado de São Paulo, mas a região é uma das mais importantes do País com 130 concessionárias de caminhões

Aline Feltrin

13 de jan, 2021 · 5 minutos de leitura.

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ICMS
Crédito:Jamef/Divulgação
Mercado de caminhões recua 8,29% em setembro

O aumento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Estado de São Paulo deve comprometer a recuperação das vendas de caminhões em 2020. Afinal, as novas alíquotas entrarão em vigor neta sexta-feira, 15 de janeiro.

A projeção é de alta de 21,7% nas vendas. Mas os números devem ser revistos por causa do novo ICMS. A informação é do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Segundo Assumpção, São Paulo tem grande representatividade nas vendas de caminhões. Em outras palavras, um aumento do ICMS prejudicará os negócios. Atualmente, há 130 concessionárias de caminhões no Estado.


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Alta do ICM para usados será de 207%

“A Fenabrave faz as projeções trimestralmente", diz Assumpção. "Mas tudo indica que vamos ter números menores do que imaginamos nos primeiros dias do ano.”

O aumento do ICMS visa recuperar a perda de arrecadação em 2020. Para equilibrar as contas, o Governo do Estado de São Paulo vai reajustar as alíquotas de veículos novos de 12% para 13%.


Em seguida, haverá reajuste de 14,5% em abril. Além disso, o ICMS para usados também vai subir. Atualmente, o imposto é de de 1,80% para 5,53% – um aumento de 207%.

Preço do caminhão deve subir

Dessa forma, o lojista que comprar um caminhão usado de R$ 80.000, por exemplo, vai pagar R$ 4.424 de ICMS. Atualmente, ele pagaria R$ 1.440 de imposto.

Segundo entidades que representam o setor, essa alta vai reduzir ainda mais a margem de lucro. Tanto das concessionárias quanto dos revendedores independentes.


Logo, isso trará consequências diretas para o consumidor. E deve refletir nos negócios de caminhões novos. Segundo Assumpção, em 60% dos negócios o comprador dá um usado como parte de pagamento.

Impacto na produção

Além disso, há risco de impacto até na produção de caminhões. A informação é do vice-presidente da da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marco Saltini.

Em entrevista ao Estradão, ele disse que pode haver haver redução do número de pedidos. “O problema é se mais Estados quiserem aderir a esses aumentos.”


Representantes das concessionárias e da Secretaria Estadual da Fazenda vão se reunir nesta quinta-feira (14) para discutir o assunto. “Se não houver acordo, não descartamos a possibilidade de uma briga jurídica”, afirma o presidente da Fenabrave.

Falta de matérias primas e componentes preocupa

Segundo Assumpção, a falta de matérias primas e peças também pode prejudicar a recuperação do mercado de caminhões em 2021.

Ele lembra que as fabricantes vêm tendo dificuldade para atender a demanda desde o ano passado. De acordo com o executivo, a retração da produção foi provocada pela pandemia do novo coronavírus.


Conforme Saltini,  a indústria ainda sente os reflexos da carência de materiais. Afinal, há falta de vários itens - de pneus a plásticos, por exemplo.

 

Fim de ano com força-tarefa

Com isso, a produção sofreu interrupções pontuais ao longo do último trimestre de 2020. Por isso, as fabricantes realizaram uma força-tarefa em dezembro para tentar melhorar a situação.
“Há empresas que reduziram as férias coletivas. Ao passo que outras que não tiveram as tradicionais duas semanas de descanso no fim do ano. Afinal, era preciso garantir a entrega dos pedidos”, diz.
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