Notícias

Arla 32 adulterado prejudica emissões e causa 'quebra' do motor do caminhão

Arla 32 adulterado é crime e além de trazer prejuízos ao bolso do motorista ou transportador, ainda pode resultar em quatro anos de prisão

Andrea Ramos

30 de jan, 2025 · 8 minutos de leitura.

Publicidade

Arla 32 adulterado causa prejuízos financeiros aos transportadores e caminhoneiros
Arla-32-1160x653
Crédito:Fotos: PRF
Arla 32 adulterado causa prejuízos financeiros aos transportadores e caminhoneiros

Com a chegada do Euro 5, em 2013, ocorreu uma importante mudança nos caminhões e ônibus. Para reduzir as emissões saídas dos escapamentos, os veículos passaram a contar com um tanque extra para receber o reagente químico chamado Arla 32.

Ou seja, a mistura de 32% de ureia em uma água tratada (desmineralizada) para a retirada de metais. E que combinada a outros agentes químicos tem a função de limpar os poluentes como monóxido e todos os particulados que saem em forma de fumaça dos escapamentos.

VEJA TAMBÉM
Mercedes-Benz eSprinter elétrica tem preço competitivo e boa autonomia; veja o vídeo
Iveco vende 72 S-Way Metallica, caminhão alusivo a turnê da banda
Problemas de saúde mental estão ligados a 30% dos acidentes em estradas


Publicidade

Dessa forma, esse reagente consegue abater 85% a 90% desses particulados, antes mesmo de chegar ao catalisador. Assim, saindo dos escapes apenas o vapor d'água e o nitrogênio. Deixando de poluir a atmosfera. Esse sistema é chamado de SCR, sigla para redução catalítica seletiva.

Todavia, mesmo com os benefícios que o Arla 32 traz para o meio ambiente, estima-se que ainda é alto o índice de adulteração do reagente no País. Nesse sentido, a Usiquímica, fabricante de Arla 32 tem investigado o mercado.

Ou seja, a empresa, além de lançar em breve um kit destinado ao transportador para que ele possa testar a qualidade do Arla que está comprando, também vai a campo, e junto com órgãos como Ibama e a PRF vai a campo investigar o tamanho do mercado de adulteração do reagente.


Tamanho do mercado de Arla 32 adulterado pode ser grande

Conforme o gerente de operações da Usiquímica, Everton Minatti, existe uma estimativa de que pelo menos 50% do Arla 32 a venda no País seja adulterado. Mas o dado não é oficial.

“Acreditamos que seja esse volume com base nas investigações que temos realizado nas estradas, por meio de blitz realizada pela polícia rodoviária junto com entidades ambientais. Também há um número considerável de empresários de transporte sofrendo prejuízos com os caminhões por causa desse problema e que acompanhamos de perto”, explica Minatti.

O peso das práticas irregulares

Arla 32 adulterado causa prejuízos financeiros aos transportadores e caminhoneiros
O tanque de Arla do caminhão é em média de 100 litros - Fotos: Mercedes-Benz

Todavia, vale ressaltar que a ureia usada para a produção do Arla, denominada ureia automotiva, é diferente da ureia de uso em fertilizantes nas operações agro. Esta, por ser subsidiada, é mais barata em cerca de 20% frente a ureia automotiva que é importada. Além disso, para fazer render o componente há quem misture água comum em vez da desmineralizada.  

Todavia, o mais impactado com isso é o transportador e o caminhoneiro autônomo. O empresário de transporte que compra o produto a granel, ainda tem a vantagem de tentar buscar saber a procedência do fabricante ou mesmo do distribuidor. Também pode desconfiar de produtos com valores abaixo da média praticada pelo mercado.

Além disso, se o Arla estiver com a cor muito fora do padrão, é um sinal de alerta. A cor do reagente químico tem que ser amarelo bem claro.


O impacto maior quem sofre é o caminhoneiro autônomo que tem acesso ao produto nos postos de abastecimento. Assim, ficando mais refém dessas práticas.

Multa, apreensão do veículo e até prisão

Como resultado, se nas fiscalizações forem constatadas irregularidades, o responsável, no caso o dono do caminhão, será autuado e o veículo apreendido. A autuação ocorre com base no Decreto Federal n° 6.514/2008, artigos 68 e 71, que tratam de infrações em relação ao meio ambiente. A multa prevista para cada artigo pode chegar a R$ 10 mil por veículo.

Em caso de apreensão, a liberação do veículo é condicionada à correção da irregularidade. Além disso, o Código Brasileiro de Trânsito classifica o uso inadequado de Arla 32 como infração grave. Dessa forma, o motorista pode ser autuado com cinco pontos na carteira de habilitação.


Na esfera penal, o infrator pode responder a crime ambiental por causar poluição de qualquer natureza que resulte em danos à saúde humana. Ou seja, previsto no artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais, o qual estipula como pena a reclusão de um a quatro anos, além da multa.

Os impactos da adulteração do Arla 32 no caminhão

O primeiro sinal de que o caminhão está rodando com Arla 32 adulterado é perda de potência. Essa é uma forma de evitar que na aceleração sejam emitidos NOx na atmosfera.

Porém, se o caminhão chegar ao nível de reduzir potência, é porque já prejudicou componentes primordiais para o bom funcionamento do veículo. O superaquecimento de um chicote, sobrecarga de válvulas e bomba de injeção contaminada são as primeiras consequências para a perda de potência.


“Quando você faz a conta do prejuízo que o uso do Arla contaminado causa, o seu valor é muito pequeno. Em relação ao diesel que custa em média R$ 6,00, o Arla vai sair mais ou menos uns R$ 0,12 por litro. Agora trocar um catalisador e refazer todo o sistema de chicote e da bomba não vai sair por menos de R$ 50 mil”, explica Minatti.

Siga o Estradão no Instagram!

Deixe sua opinião