Com as novas normas de redução de emissão de poluentes, o Proconve P8, a Mercedes-Benz encerrou a oferta da linha Axor no Brasil. Afinal, o investimento necessário para renovar o caminhão, lançado em 2005, tornaria seu preço inviável. Assim, o Actros passou a ocupar o lugar do modelo com o qual a marca conquistou boa participação nas vendas de caminhões rodoviários pesados.
Além disso, a fabricante desenvolveu uma nova cabine para o Actros. Bem como passou a oferecer itens mais modernos no modelo. Conforme a Mercedes-Benz, o cavalo-mecânico Actros 2045 4x2 tem preço sugerido a partir de parte de R$ 898,6 mil. O novo modelo substitui as versões 2036 e 2041 do Axor.
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Cabine menor, mas com mais recursos que o Axor
Inicialmente, o Actros 2045 vem com a cabine batizada de Space. Além de ser menor, ela é mais simples que a Top Space. Nesse sentido, não há, por exemplo, a Mirror Cam, as câmeras que substituem os espelhos convencionais. Bem como alguns sistemas eletrônicos de segurança ativa. Do mesmo modo, não há painel digital. Seja como for, ela é bem mais moderna que a do Axor.
Conforme o gerente de marketing do produto da Mercedes-Benz, Edgar Bertini, dá para encomendar alguns desses recursos como opcionais. Ou seja, equipar a cabine Space com itens da Top Space. Porém ele afirma que a ideia é que o modelo seja mais acessível. Ou seja, com foco no tipo de operação que era atendida pelo Axor.
Portanto, trata-se de caminhões para frotistas e transportadores autônomos que atuam em viagens curtas ou mesmo de médias distâncias. Como operações entre indústrias e milk run. Assim como cegonheiros, que não precisam de cabine com teto alto.
Bom pacote de equipamentos
Seja como for, o Mercedes-Benz Actros 2045 4x2 tem cabine bem equipada. Assim, traz itens modernos, como controle eletrônico de estabilidade e assistente de partida em rampa. Além disso, há a função hold, em que o motorista pode tirar o pé do pedal e o caminhão permanece parado. O pacote também tem controlador de velocidade de série. Já o freio retarder é opcional.
Bom espaço a bordo do Mercedes-Benz
Conforme a Mercedes-Benz, a cabine do Actros 2045 tem altura externa 3.345 mm. Portanto, a altura interna é de pouco mais de 1,70 m, sendo de 1,60 m do túnel do motor ao teto. Nesse sentido, vale lembrar que a altura do túnel do Actros é de 120 mm, enquanto a do Axor era de 200 mm.
Diferentemente da cabine de topo da linha, que tem painel digital, na Space ele é analógico. Porém, esse caminhão tem um recurso batizado de Eco Support. Ou seja, uma espécie de instrutor online que projeta informações no painel. Assim, faz a leitura da rota e da forma de condução do motorista. Com isso, "dá notas" ao motorista e informa o nível de eficiência durante a condução.
Além disso, há vários porta-objetos e nichos que, juntos, somam 586 litros. Ou seja, é mais do que o porta-malas de um Toyota SW4, por exemplo. Completam a lista de equipamentos itens como o ar-condicionado e o climatizador. Assim como o sistema de partida por botão. Há ainda acionamento eletrônico do maneco, apelido do freio da carreta.
Trem de força 8% mais econômico
O motor é o Mercedes-Benz OM-460, de 13 litros. Conforme a marca, esse seis cilindros em linha gera 449 cv de potência a 1.600 rpm e torque de 224,3 mkgf a partir das 900 rpm. Assim, o cavalo-mecânico conta com boa dose de força em rotação baixa, o que garante menores níveis de consumo e emissões.
Aliás, para atender as regras do Euro 6 o modelo recebeu várias atualizações. É o caso do SCR em conjunto com filtros DPF de partículas e sistema oxidante DOC. O primeiro reduz a emissão de material particulado e o DOC faz a oxidação desse resíduo.
Como resultado, o consumo de combustível e até 8% menor na comparação com o do Axor 2041, cujo motor tinha 410 cv. Ou seja, o Actros é cerca de 10% mais potente. Além disso, conforme Bertini, foi possível ampliar o prazo de troca de óleo do motor. Assim como o do câmbio e do eixo.
Completa o trem de força a transmissão G-291. Segundo a fabricante, essa caixa faz trocas de marcha de forma mais rápida que a G-280, que equipava o Axor. Isso também contribui com a redução do consumo. Colabora com isso o fato de o novo câmbio ter gerenciamento elétrico. Ou seja, é automatizado.
Em movimento
Na prática, a nova caixa traz recursos que ajudam o motorista a conduzir de forma mais eficiente. Isso, independente da topografia da via. E, para saber do que o Actros 2045 4x2 é capaz, aceleramos o modelo em um trecho do Rodoanel e da rodovia Ayrton Senna, em São Paulo. Assim, deu para avaliar bem o Eco Roll, por exemplo.
Ou seja, o recurso eletrônico que deixa a transmissão em neutro para aproveitar a inércia sempre que isso for possível. Nesse modo, o caminhão roda solto, numa espécie de banguela eletrônica. Portanto, quase não consome diesel, uma vez que o motorista pode tirar o pé do acelerador. Bem como do freio, graças ao top brake que, no segundo estágio, segura o veículo com todo o seu PBTC de 41,5 t.
Logo após sair da inércia, o caminhão é capaz de enfrentar subidas com o motor girando a 1.000 rpm. Isso com a 9ª marcha engatada e a 60 km/h. Além disso, como a suspensão é a ar, de série, o Actros roda macio. Porém, em 2024 a Mercedes-Benz vai instalar o sistema metálico. Conforme a fabricante, de acordo com o trecho e a aplicação, ela faz mais sentido por ter menor custo de manutenção.
Rodar macio e baixo nível de ruído
Os bancos do Actros 2045 são iguais aos das versões de topo de linha. Ou seja, têm suspensão a ar, bem como ajustes de altura e profundidade. Durante a avaliação, mantivemos o banco com ajuste mais firme. Afinal, a suspensão a ar filtra bem as irregularidades do piso.
Além disso, colabora para o conforto, bem como para o baixo nível de ruído na cabine. Conforme medição do decibelímetro, rodando em velocidade média de 60 km/h, em 12ª marcha, o nível de ruído a bordo era de apenas 60 decibéis.
Veredicto
Para atender as regras do Euro 6, os preços dos caminhões ficaram, em média, até 25% mais caros. Seja como for, se o Axor ainda estivesse em linha, também teria o preço reajustado. Portanto, considerando a ampla lista de itens de equipamentos, o Actros 2045 4x2 é um bom negócio. Além disso, como o consumo de diesel é menor, pode ajudar a reduzir o tempo de amortização do investimento.