Amazon, DHL Supply Chain e Scania deram início aos testes do Scania 30G 4x2 no Brasil. Segundo a montadora, trata-se do primeiro cavalo mecânico 100% elétrico em operação em uma rota de longa distância no País. Durante seis meses, o caminhão vai percorrer diariamente o trecho entre Cajamar e Taubaté, em São Paulo, um dos principais corredores logísticos utilizados pela Amazon.
Com autonomia de 250 km, potência de 300 kW (410 cv) e capacidade técnica para 66 toneladas de PBTC, o modelo é o um dos mais robustos veículos elétricos em operação regular no Brasil. Além disso, o teste integra o programa Laneshift. Ou seja, a iniciativa da The Climate Pledge em parceria com a C40 Cities, destinada a acelerar a adoção de tecnologias zero emissão em mercados emergentes.
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Teste avalia eficiência energética e viabilidade operacional
O cavalo mecânico parte do Sort Center CGH7 da Amazon, onde é recarregado, e segue até a base da transportadora To Do Green. Nesse período, Amazon, Scania e DHL monitoram cada quilômetro rodado por telemetria.
Conforme ressalta o chefe de sustentabilidade para operações da Amazon, Saori Yano, o objetivo é mensurar, de forma precisa, o desempenho energético do conjunto.
“Queremos demonstrar que a eletrificação não está restrita à logística urbana. Pelo contrário, ela já se mostra viável em rotas pesadas e de longa distância. Este é um passo decisivo rumo à descarbonização”, afirma.
Além disso, o caminhão transporta diferentes tipos de carga sob gestão da DHL Supply Chain. Segundo o diretor de sustentabilidade da empresa na América Latina, João Meneghetti, o teste permite entender o impacto real da eletrificação nas rotas rodoviárias mais críticas.
“Percursos longos são o grande desafio. Portanto, colocar este caminhão na Dutra redefine o futuro da logística no Brasil”, avalia.

Scania avança na estratégia de eletrificação pesada
Para a Scania, o início da operação representa a entrada oficial dos extrapesados elétricos no ciclo real de transporte brasileiro. Afinal, este é o primeiro cavalo mecânico elétrico da marca no País.
“O propósito da Scania é liderar a mudança para um sistema de transporte mais sustentável”, afirma o diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, Alex Nucci. Ele reforça que o País ainda enfrenta desafios estruturais. Mas destaca que parcerias robustas como essa aceleram o aprendizado do setor.
Segundo Nucci, a eletrificação conviverá, por um período, com combustíveis de transição como gás natural, biometano e biodiesel. “Todavia, a evolução natural é o transporte livre de CO₂. E é exatamente para essa direção que estamos avançando”, completa.
Laneshift E-Dutra prepara o primeiro corredor 100% elétrico do Brasil
A rota Cajamar–Taubaté integra o projeto Laneshift E-Dutra, lançado durante a COP30. A iniciativa prevê a criação do primeiro corredor de transporte de cargas totalmente elétrico do País, conectando São Paulo ao Rio de Janeiro.
Conforme explica a porta-voz do C40, Cristina Argudo, o objetivo é mostrar que a descarbonização de longas distâncias é possível. “Este teste não é apenas sobre um caminhão. Em vez disso, é sobre provar a tecnologia em condições reais e inspirar investimentos em infraestrutura”, conta.
O corredor elétrico já está em fase de implantação e conta com estações planejadas em pontos estratégicos, como Graal e PIT São José dos Campos. Ademais, uma viagem-piloto realizada em setembro, entre Resende e Sorocaba, já demonstrou a viabilidade da operação com paradas programadas de recarga.
Transporte pesado entra em nova fase de descarbonização
Com o início do teste do Scania 30G, o transporte de longa distância entra em um novo capítulo no Brasil. Apesar dos desafios de infraestrutura, grandes players globais começam a provar que a eletrificação pesada é tecnicamente possível e operacionalmente viável.
Nesse sentido, nos próximos meses, os dados coletados vão orientar investimentos em recarga, definir padrões para rotas elétricas e acelerar decisões de frota sustentáveis. Ademais, o projeto coloca o Brasil no mapa global da eletrificação de extrapesados, um movimento essencial para reduzir emissões num setor que responde por 11% do CO₂ nacional, segundo a Coalizão para a Descarbonização do Transporte.