O BeVant chega ao mercado brasileiro como uma solução imediata de descarbonização no transporte rodoviário. Desenvolvido pela Be8, braço de energia renovável da Bionergia, o produto é um biocombustível avançado que pode ser utilizado em caminhões a diesel convencionais, sem a necessidade de alterações mecânicas.
Segundo o diretor de energética e relações institucionais da Be8, Camilo Adas, o combustível entrega o mesmo desempenho do diesel fóssil. Mas com origem 100% renovável.
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“Nosso produto permite que o transportador reduza emissões agora, sem precisar investir em novas tecnologias como caminhões elétricos ou movidos a HVO, que ainda são muito mais caros”, explica.
Limpeza natural e compatibilidade com motores antigos
Assim, uma das principais vantagens do BeVant é a capacidade detergente. Ao entrar no sistema de um caminhão que rodava com diesel comum, o combustível limpa as incrustações de carbono que se acumulam nas peças internas ao longo dos anos.
“Essa limpeza é um processo natural. O biodiesel, e o BeVant em especial, dissolvem essas camadas de fuligem formadas pela queima incompleta do diesel fóssil”, detalha Adas. “Por isso, quando o motorista começa a usar, o ideal é apenas fazer uma limpeza prévia do tanque e trocar o filtro de combustível após os primeiros 20 a 30 minutos de rodagem. Depois disso, o motor segue rodando normalmente.”
O executivo reforça que essa recomendação é especialmente importante para caminhões mais antigos. Ou seja, que costumam ter resíduos acumulados. Após essa primeira fase de adaptação, o veículo não precisa de nenhuma modificação técnica para operar com o novo biocombustível.
Mesmo desempenho e até 80% de redução de CO₂
Atualmente, o BeVant está em fase de demonstração e validação em 32 aplicações diferentes pelo Brasil. Em outras palavras, inclui caminhões, máquinas agrícolas e geradores. Em muitas delas, os testes já completaram mais de um ano de operação.
“Já somamos mais de 8 mil horas de testes em bancos de prova e campo. Em 78% dessas aplicações, o consumo do BeVant tem sido idêntico ao do diesel B15, com uma redução real de emissões de CO₂ superior a 90%”, afirma Camilo Adas.
Além disso, ele destaca que o produto não altera a potência nem o torque dos motores. “O transportador nem percebe diferença de desempenho. A única mudança está no impacto ambiental, que passa a ser positivo”, acrescenta.
Produção nacional e foco em sustentabilidade
A Be8 tem hoje capacidade de produção de 120 mil litros diários do biocombustível, utilizando diversas matérias-primas. Ou seja, óleos vegetais (como soja, canola e girassol), gorduras animais e óleo de cozinha reciclado. A empresa também é uma das maiores produtoras de biodiesel do País. Nesse sentido, tem 13% de participação de mercado.
“Temos estrutura industrial e logística para abastecer desde grandes frotas até operações de menor escala”, explica Adas. “Nas grandes entregas, atuamos junto às distribuidoras, e nas pequenas, fazemos o acompanhamento direto em campo, garantindo qualidade e rastreabilidade.”
Segundo o executivo, o BeVant se destaca por promover um ciclo de carbono neutro. “O CO₂ que sai do escapamento é o mesmo que a planta capturou da atmosfera durante a fotossíntese. Isso é completamente diferente de queimar carbono fóssil, que estava armazenado há milhões de anos no subsolo”, diz.
Custo competitivo e apelo ESG
Todavia, apesar de ainda custar cerca de 10% a mais que o diesel comum, o BeVant tem atraído transportadoras com forte foco em sustentabilidade. “Hoje, quem busca o produto é quem entende que o ESG não é discurso, é estratégia. São empresas que querem mostrar ao mercado que estão descarbonizando de verdade”, ressalta Adas.
Ele acredita que o custo adicional tende a se diluir com o tempo. “Os primeiros dois anos servirão para amortizar o investimento inicial. Depois disso, o valor se equilibra. Estamos entregando descarbonização imediata, sem exigir novas tecnologias ou mudanças drásticas no negócio”, conclui.
Solução de transição para um transporte mais limpo
Portanto, o BeVant surge como uma alternativa de transição energética prática e disponível. Ao combinar desempenho equivalente, origem renovável e compatibilidade com a frota atual, o biocombustível permite que o setor de transporte avance na agenda de sustentabilidade de forma gradual, mas efetiva.