O roubo de cargas avança rapidamente nos Estados Unidos e já impõe custos bilionários às transportadoras. Um novo levantamento do American Transportation Research Institute (ATRI) mostra que o setor perde bilhões de dólares por ano com furtos e desvios de mercadorias.
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Em 2023, 65% das transportadoras relataram ter sofrido algum tipo de roubo, e 43% afirmaram que os crimes ocorreram apenas no último ano. Entre os operadores logísticos, todas as empresas consultadas disseram ter sido vítimas. O levantamento mostra que os criminosos praticam desde furtos parciais de carga até roubos diretos e fraudes estratégicas, como o uso de documentos falsos. Cargas de alimentos lideram a lista de produtos mais visados, seguidos por eletrônicos, itens automotivos e bebidas.
A pesquisa identificou que os estados da Califórnia, Illinois, Texas, Geórgia, Flórida e Tennessee concentram a maior parte dos casos de roubo de cargas nos EUA. Em média, as transportadoras perderam US$ 29 mil por ocorrência, enquanto os operadores logísticos registraram prejuízos de US$ 95 mil por incidente. No total, o estudo estima que as perdas diretas e indiretas do setor ultrapassem US$ 6,5 bilhões por ano, o equivalente a US$ 18 milhões por dia.
Falta de treinamento e complacência agravam o problema
O estudo do ATRI atribui o avanço do roubo de cargas a uma combinação de falhas de segurança e descuido interno nas empresas de transporte. De acordo com o instituto, muitas transportadoras não treinam seus motoristas para reconhecer situações de risco e negligenciam protocolos básicos de proteção. Além disso, a pesquisa constatou que há pouco conhecimento técnico sobre segurança dentro dos departamentos operacionais e excesso de complacência na cultura corporativa, o que facilita a ação de quadrilhas especializadas.
O ATRI recomenda que as transportadoras criem uma cultura de segurança em toda a cadeia logística. Entre as ações sugeridas estão treinar motoristas em prevenção de roubos e atenção situacional, promover conscientização e responsabilidade entre todos os funcionários e fornecer ferramentas para verificar documentos e reportar atividades suspeitas. Ademais, o instituto sugere que a liderança das empresas apoie e invista em segurança, estabeleça políticas claras e expectativas de conduta, e incentive todos os funcionários a identificar e comunicar riscos proativamente.
O instituto também aponta que as leis atuais e a atuação do sistema judicial dos EUA não conseguem frear o roubo de cargas. Segundo o estudo, há pouco interesse em processar os casos e as penalidades existentes são insuficientes para desestimular os criminosos. A pesquisa ainda destaca que a capacidade das forças de segurança é limitada e recomenda a criação de uma agência federal centralizada para registro e combate ao roubo de cargas, além de leis estaduais com punições específicas e mais rigorosas.