A história da cabine Volvo Globetrotter XL começou muito antes de sua estreia em 1996. Em 1979, a Volvo já havia surpreendido o mercado com o Globetrotter padrão, lançado na série F10/F12. Foi uma das primeiras cabines com teto elevado, ainda que a fabricante sueca não tenha sido pioneira absoluta. Ou seja, concorrentes como Kenworth e Magirus chegaram antes. Mas mesmo assim, o conceito se popularizou a ponto de os tetos altos passarem a ser chamados de “Globes” em boa parte da indústria.
Dessa forma, quando a linha FH surgiu em 1993, o Globetrotter seguiu como opção, destacando-se pela aerodinâmica, segurança e ergonomia inéditas para a época. Entretanto, o espaço interno ainda deixava a desejar. A cabine era baixa, e o túnel do motor no centro roubava espaço, fruto de um projeto que previa vendas do modelo nos Estados Unidos, onde motores mais altos eram comuns. Ao mesmo tempo, rivais como Iveco EuroStar, Scania Série 4 Topline, DAF 95 Super Space Cab e Mercedes-Benz Actros MegaSpace apostavam em soluções mais espaçosas. Assim, pressionando a Volvo a reagir.
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O nascimento do XL

A resposta veio no fim de 1995 quando surgiu o Globetrotter XL, que elevava o teto em 17 centímetros em relação ao Globetrotter padrão. Além da faixa extra de acabamento externa, o modelo trouxe um piso redesenhado, com túnel rebaixado em 13 centímetros. Isso permitia que motoristas de até 1,93 m ficassem em pé dentro da cabine. Com o banco levantado, o espaço aumentava para até 2,10 m.
O interior também passou por transformações. Em outras palavras, surgiram os compartimentos de armazenamento fechados acima da cama inferior, solução mantida até hoje. Outro diferencial foi o teto solar de vidro deslizante, item considerado ousado à época. Mas que se tornou tradição nos caminhões da marca até como saída de emergência.
De opção de luxo a padrão de mercado
Nos primeiros anos, o Globetrotter XL era visto como uma opção de luxo, mais comum em operações de dupla tripulação ou como vitrine tecnológica para transportadoras. Durante muito tempo, os modelos menores representaram a maior parte das vendas. Isso só mudou na última década, com a quarta geração do FH. Também quando os clientes passaram a preferir maciçamente as cabines mais altas.
Essa mudança de perfil levou a Volvo a dar mais um passo. E lançou a Globetrotter XXL, com área de dormir 25 cm maior. Desenvolvido na Austrália e, desde 2024, disponível também na Europa com homologação para reboques convencionais, ele repete a história do XL nos anos 1990. Todavia, ainda é vista como luxo, mas pronta para, no futuro, se tornar padrão.
O legado do XL
O Globetrotter XL não foi apenas uma cabine mais alta. Mas representou a adaptação da Volvo a uma nova realidade de mercado, marcada pela busca por mais conforto, ergonomia e habitabilidade. Três décadas depois, o modelo segue como referência e mostra que, assim como aconteceu no passado, a pressão por mais espaço e comodidade pode transformar novamente o padrão da indústria.