A ZF anunciou a nacionalização da Unidade de Controle Eletrônico (ECU) de freios para veículos comerciais no Brasil. Produzida na planta de Limeira (SP), a novidade atende a uma demanda histórica das montadoras por maior índice de conteúdo local.
Segundo o gerente de gestão de produto da ZF América do Sul, Caio Fattori, a decisão é estratégica porque elimina a dependência de importações, reduz custos logísticos e garante suporte técnico imediato. “Durante a pandemia, toda a indústria percebeu os riscos de depender de fornecedores externos. A produção local traz previsibilidade, competitividade e prepara a cadeia para novas legislações”, afirma.
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Funções de segurança e legislação
Seja como for, o módulo eletrônico que passa a ser nacionalizado controla funções essenciais de segurança. Ou seja, ABS, controle de tração (ATC), assistente de partida em rampa (HSA) e, sobretudo, o controle eletrônico de estabilidade (ESC). Esse último passou a ser obrigatório em todos os caminhões, ônibus e implementos rodoviários fabricados no Brasil a partir de janeiro de 2025.
Vale ressaltar que até 2022, apenas 5% a 10% da frota contava com controle de estabilidade. Em 2023, esse índice saltou para 70% a 80%. Dessa forma, a mudança coloca o Brasil no mesmo patamar de mercados maduros em termos de segurança veicular.
Nesse sentido, Fattori lembra que, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), capotamentos e tombamentos estão entre as principais causas de acidentes nas rodovias brasileiras. “Tecnologias como o ESC têm papel crucial para salvar vidas e reduzir sinistros com veículos comerciais”, disse o executivo.

Infraestrutura avançada em Limeira
A unidade da ZF em Limeira já produziu mais de 8 milhões de módulos eletrônicos para sistemas de freio, direção e airbags desde 2013. Agora, com a nacionalização da ECU para veículos pesados, a planta recebeu novos equipamentos automatizados e testadores de performance com rastreabilidade total.
Head da divisão de eletrônicos da ZF América do Sul, Plínio Casante, destaca que a manufatura passou por auditorias internacionais e obteve a homologação E1 da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UNICE). “Essa certificação permite fornecer para mercados da Europa, Estados Unidos e Ásia. Além disso, comprovamos que nossa operação no Brasil tem nível de excelência comparável”, ressalta.
Impacto estratégico e futuro da mobilidade
A nacionalização da ECU amplia a competitividade das montadoras instaladas no Brasil e abre caminho para novas tecnologias eletrônicas aplicadas a veículos comerciais. Todavia, o investimento não se limita ao presente. A flexibilidade da linha permite incorporar futuros avanços, segundo Casante, como cibersegurança e soluções para veículos autônomos e elétricos.
Os executivos reforçam que os veículos comerciais estão se tornando plataformas digitais sobre rodas. E a ECU é peça central nessa transformação.
Casante acrescentou ainda que a planta brasileira já se consolidou como base de exportação para a América do Sul. O que fortalece a posição da região no mapa global da ZF.
“A produção local é um passo decisivo para que o Brasil participe ativamente da evolução dos caminhões, que estão se transformando em verdadeiras plataformas digitais sobre rodas”, diz.