O transporte rodoviário britânico enfrenta a pior crise de mão de obra em décadas. De acordo com a Road Haulage Association (RHA), mais de 117 mil motoristas de veículos pesados deixaram o setor nos últimos 12 meses, um número que ameaça o funcionamento das cadeias de suprimento do país.
- VEJA MAIS:
- Mini picape elétrica Telo MT1 tem mais 500 cv e leva quase uma tonelada de carga
- Venda de ônibus cai em agosto, mas mantém alta em 2025
- São Paulo recebe primeiro teste de miniônibus elétrico com piso baixo
Segundo a associação de transporte do Reino Unido, a saída em massa não ocorreu apenas entre profissionais próximos da aposentadoria. Muitos motoristas mais jovens, na faixa dos 30 e 40 anos, também abandonaram a profissão. A RHA aponta como principais fatores os altos custos de seguro, o preço elevado de treinamentos e a suspensão de programas de capacitação financiados pelo governo.
Profissão perdeu atratividade no Reino Unido
Embora os salários tenham aumentado em alguns segmentos, a entidade britânica aponta que a valorização financeira por si só não é suficiente para reverter a tendência. Além da falta de mão de obra, o setor convive com condições de trabalho pouco atraentes, como jornadas longas, estilo de vida inflexível e falta de infraestrutura adequada nas estradas.
De acordo com Richard Smith, diretor-geral da RHA, o êxodo de motoristas no Reino Unido é consequência de anos de pressões financeiras sobre o setor, que opera com margens estreitas e foco excessivo em preços baixos. Ainda segundo o representante da associação, as transportadoras no país relatam que a escassez de motoristas já alcançou níveis não vistos desde a pandemia.
Além disso, o avanço do comércio eletrônico também pressiona o o setor. Prazos de entrega cada vez mais curtos contrastam com longas esperas em centros de distribuição, onde motoristas ficam horas parados para descarregar. Esse tipo de rotina, conforme a RHA, reforça a percepção de que a profissão perdeu atratividade.
Faltam motoristas no mundo todo
A crise britânica reflete uma dificuldade presente em diversos países. A União Internacional de Transporte Rodoviário (IRU) estima que, em 36 economias que juntas representam 70% do PIB mundial, existam 3,6 milhões de vagas de motoristas de caminhão não preenchidas.
A questão demográfica agrava o quadro. Apenas 6,5% da força de trabalho global de motoristas têm menos de 25 anos, enquanto 31,6% já passaram dos 55. Nos próximos cinco anos, espera-se que 3,4 milhões de profissionais se aposentem, ampliando o risco de colapso logístico na próxima década, segundo a IRU.