As vendas de caminhões novos em agosto sofreram forte desaceleração. Conforme dados da Anfavea, foram emplacadas 8,9 mil unidades, queda de 15,9% ante julho (10,6 mil) e de 22,6% em relação a agosto de 2024 (11,5 mil). Do mesmo modo, no acumulado de janeiro a agosto, as vendas de caminhões novos somaram 74,3 mil unidades. Ou seja, retração de 6,7% sobre as 79,6 mil de igual período do ano passado.
Segundo o presidente da Anfavea, Igor Calvet, o resultado confirma uma tendência de queda observada nos últimos meses. “A produção acumulada de caminhões apresentou uma queda pela primeira vez neste ano. Esse cenário continua muito desafiador. Sobretudo porque a Selic deve permanecer em 15% até o fim do ano.”
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Produção em queda pela primeira vez no ano
As fábricas ajustaram o ritmo e produziram 10,1 mil caminhões em agosto, contra 12,1 mil em julho, recuo de 16,3%. Frente a agosto de 2024 (13,1 mil), a retração chegou a 22,9%. No acumulado de 2025, a produção soma 88,5 mil unidades, número 1,0% inferior ao mesmo intervalo do ano anterior, marcando a primeira queda no comparativo anual. Como resultado, o setor perdeu 148 postos de trabalho. O que preocupa o setor.
Para Calvet, a explicação está diretamente ligada ao custo do crédito. “O mercado de caminhões funciona com financiamento. Hoje, as taxas para pessoa física estão em 27,3% e para jurídica em 18,8%. É inviável. Sem crédito acessível, o setor perde fôlego, principalmente no segmento de caminhões pesados, que caiu 19% mesmo representando 45% do mercado.”

Exportações seguram a indústria
Assim, na contramão do mercado interno, as exportações sustentam parte da produção. Em agosto, foram embarcadas 2,8 mil unidades, praticamente estável em relação a julho. Mas 88,1% superiores às de agosto de 2024 (1,5 mil).
Do mesmo modo, no acumulado do ano, os envios somam 19,0 mil caminhões. Assim, registrando um avanço expressivo de 89,6% sobre as 10,0 mil unidades exportadas no ano passado.
Argentina é o maior mercado comprador de caminhões do Brasil. Nesse sentido, conforme a Anfavea, o país vizinho recebeu, de janeiro a agosto, 11 mil caminhões brasileiros com PBT superior 5 t. No mesmo período, em 2024 haviam sido exportados apenas 4 mil pesados.
“As exportações tiveram o melhor resultado desde junho de 2018. E isso tem sustentado a nossa produção local. A Argentina respondeu por parte expressiva desses volumes, o que nos traz alerta. Mas também mostra a competitividade dos nossos modelos nacionais.”

Setor cobra medidas do governo
Seja como for, diante do cenário brasileiro, a Anfavea voltou a defender medidas para estimular o setor. Assim, entre as propostas estão a criação de um programa de renovação de frota de caminhões, bem como a retomada de iniciativas que facilitem o financiamento, como a antiga MP 1175/23, que previa subsídios para o crédito.
“Precisamos de condições melhores para financiar veículos. No entanto, sem isso, a produção e os emplacamentos de pesados não voltarão a crescer. Mesmo em um ano de safra recorde”, reforçou Calvet.