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Tecnologia chinesa levanta alerta de cibersegurança nos caminhões dos EUA

Setor de transporte discute como componentes chineses podem comprometer a cibersegurança e afetar a cadeia de suprimentos norte-americana

Thiago Vinholes

28 de ago, 2025 · 5 minutos de leitura.

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Um simples dispositivo de rastreamento com peças chinesas poderia coletar informações estratégicas, alertam especialistas nos EUA
Crédito:Peterbilt/Divulgação

A Associação Nacional de Tráfego de Carga Rodoviária (NMFTA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos emitiu um alerta sobre riscos de cibersegurança envolvendo a presença de tecnologia de origem chinesa em caminhões. Conforme especialistas da entidade, dispositivos como módulos telemáticos, câmeras de painel e sistemas de rastreamento podem abrir portas para ciberataques e ameaçar a segurança de toda a cadeia logística do país.

O engenheiro-chefe de segurança cibernética da NMFTA, Ben Wilkens, e o diretor de segurança cibernética, Artie Crawford, apresentaram recentemente um webinar sobre o tema. De acordo com o website CCJ, eles destacaram que a iniciativa Made in China 2025 busca consolidar a nação asiática como potência global em setores como transporte e infraestrutura crítica. Para os especialistas, esse plano aumenta a dependência de empresas estrangeiras em relação a componentes chineses, elevando o risco de acesso remoto e coleta de informações sensíveis.

Além disso, os executivos ressaltaram que as vulnerabilidades não atingem apenas empresas de transporte rodoviário. Assim, os analistas alertam que equipamentos com chips ou softwares chineses podem atingir toda a infraestrutura nacional, inclusive setores ligados à defesa.

Riscos de cibersegurança além da frota

Durante o evento virtual, Crawford citou o exemplo de guindastes portuários vendidos aos EUA pela China com preços reduzidos. Os equipamentos, de acordo com o especialista, estavam integrados às redes elétricas e de telecomunicações e transmitiam dados logísticos, como quantidade de contêineres movimentados, conteúdos e destinos. Esse tipo de situação permite que redes de movimentação de cargas sejam mapeadas e, eventualmente, manipuladas, alertou o especialista.

Wilkens explicou que, no caso de caminhões, um dispositivo de rastreamento com peças chinesas poderia coletar dados sobre o fluxo de mercadorias, consumidores e localização de recursos. Isso poderia resultar em interrupções localizadas capazes de gerar um efeito em cascata sobre a cadeia de suprimentos.


Estratégias para reduzir a exposição

A NMFTA recomendou que empresas de transporte revisem seus processos de aquisição de hardware e software. Wilkens destacou que os especialistas identificaram vulnerabilidades em dispositivos telemáticos usados em frotas norte-americanas, o que faz as empresas questionarem a segurança de toda a operação quando esses equipamentos se espalham amplamente.

Como medidas práticas, Crawford sugeriu bloquear canais de comunicação com endereços de IP chineses. Ele também recomendou analisar contratos de software para identificar onde as empresas armazenam e compartilham os dados. A entidade ainda anunciou que prepara uma lista de verificação para orientar transportadoras na escolha de fornecedores mais seguros.

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