Não há como analisar o mercado de implementos pesados sem considerar o agronegócio. A afirmação é do diretor comercial da Librelato, João Librelato (foto). O executivo lembra que cerca de 70% das vendas estão ligadas ao setor. Nesse sentido, a safra 2025 deve alcançar até 338 milhões de toneladas, volume histórico. O que garante fôlego ao transporte rodoviário, mesmo em um cenário de juros elevados.
“O Brasil é o celeiro do mundo. Enquanto a commodity sofre oscilações de preço, a produtividade cresce e isso exige mais caminhões e implementos. A cadeia logística ainda é desafiadora. Mas o agro continuará puxando a demanda”, diz João.
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Queda de mercado e impacto do quarto eixo
Mesmo assim a Librelato projeta que o mercado brasileiro de reboques e semirreboques encerre 2025 com 71 mil unidades emplacadas, contra 88 mil em 2024. A retração de 25% é explicada pelo custo de financiamento, já que transportadoras operam naturalmente alavancadas.

Todavia, um fator vem equilibrando o cenário que é o quarto eixo. Esse tipo de implemento acrescenta 10 toneladas de capacidade por equipamento, reduzindo a necessidade de bitrens em alguns corredores logísticos. Atualmente, ele já responde por cerca de 50% dos graneleiros vendidos pela empresa. Porém, ele substitui dois implementos (rodotrens). O que também explica a retração nas vendas de pesados
“O quarto eixo veio para ficar. Em outras palavras, acreditamos que o equipamento deve se consolidar entre 25% e 28% do mercado. Afinal oferece menos restrições de circulação e mais eficiência operacional”, avalia o executivo.
Expansão internacional
Mas além do Brasil, a Librelato vem fortalecendo sua presença no exterior. A empresa é líder no Paraguai e Uruguai. E ocupa a terceira posição de vendas no Chile. Além disso, a Librelato garantiu a entrega de 130 implementos na Argentina neste ano. O portfólio inclui basculantes, graneleiros e baús de alumínio adaptados às demandas locais.
“São três anos de preparação para chegar à Argentina. Agora, temos expectativa de também atuar no segmento de mineração, que cresce muito no país”, explicou João.
Momento de preços baixos
Segundo João Librelato, a queda na demanda fez os preços dos implementos atingirem o menor patamar em muitos anos. Apesar da deflação dos custos de matérias-primas não ser proporcional, o excesso de estoques levou a uma redução expressiva.
“Hoje é a maior oportunidade para o transportador comprar. Nunca tivemos preços tão baixos no setor. Essa janela vai se fechar assim que a oferta e a demanda voltarem a se equilibrar”, diz o diretor.