Transporte de passageiro é o foco de uma nova análise publicada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A entidade lançou uma edição do Radar CNT do Transporte com dados comparativos sobre as emissões de dióxido de carbono (CO₂) por tonelada por quilômetro útil (TKU) no transporte rodoviário. De acordo com o levantamento, em alguns cenários urbanos, automóveis emitem até dez vezes mais CO₂ por passageiro transportado do que os ônibus.
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O estudo considera a evolução da frota e do comportamento da população nas últimas décadas. Entre 2014 e 2024, período em que a população brasileira cresceu cerca de 4,9%, a frota de veículos leves aumentou 41,9%. Nesse mesmo intervalo, o número de viagens de ônibus caiu 44,1%. A CNT relaciona essa redução ao crescimento do transporte individual, influenciado, entre outros fatores, pela popularização dos aplicativos de mobilidade.
Segundo a publicação, apenas 1% da população brasileira utilizava aplicativos de transporte em 2017. No ano passado, o número chegou a 11,1%. Esse avanço, embora tenha ampliado o acesso ao transporte motorizado individual, também contribuiu para o aumento da circulação de veículos, impactando o trânsito e a a qualidade do ar.
Diferença de emissões entre modais
O estudo compara os níveis de emissão de diferentes tipos de veículos utilizados no transporte de passageiro. Por exemplo, um ônibus urbano com capacidade para 70 pessoas emite, em média, 0,24 kg de CO₂ por TKU. Já um automóvel com duas pessoas a bordo lança 1,49 kg CO₂/TKU, o que representa uma diferença de 520,8%.
Com base nesses valores, a CNT calculou que um ônibus urbano emitiria cerca de 126 kg de CO₂ ao transportar 70 passageiros por 100 quilômetros. Para transportar a mesma quantidade de pessoas em automóveis, seriam necessários 35 veículos, que juntos emitiriam 782,25 kg de CO₂ — 6,21 vezes mais do que um ônibus.
O relatório estima que a emissão adicional gerada pelos automóveis, nesse cenário, equivaleria ao carbono capturado por 92 árvores ao longo de um ano. Além disso, o documento também apresenta dados sobre motocicletas, que emitem, em média, 0,52 kg CO₂/TKU — mais do que o dobro das emissões dos ônibus urbanos.
Propostas e recomendações para o transporte de passageiros
O estudo também sugere medidas para reduzir as emissões ao aumentar a adesão do transporte coletivo. As propostas incluem a ampliação de incentivos financeiros para aumentar a oferta e melhorar a qualidade do serviço, bem como a integração entre modais como ônibus, trens e metrôs.
Ademais, a CNT também propõe o desenvolvimento de políticas públicas para estimular o uso de transporte coletivo e a readequação das alíquotas do IPVA para veículos antigos e mais poluentes.
Segundo a entidade, a priorização do transporte coletivo pode reduzir as emissões de CO₂, contribuir para a segurança viária e melhorar a mobilidade urbana, sobretudo nas grandes cidades.
