A Nikola começou a se desfazer dos últimos ativos ligados à sua aposta no hidrogênio. Após o pedido de falência em fevereiro, os caminhões movidos por células de combustível produzidos pela empresa entraram oficialmente no mercado por meio da casa de leilões Gordon Brothers. O acordo, aprovado no tribunal de falências de Delaware, envolve cerca de US$ 114 milhões em veículos e componentes.
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A Gordon Brothers divulgou um informe detalhando os itens disponíveis. Entre os destaques, estão 103 caminhões prontos para operação, além de baterias, pneus, subconjuntos e peças sobressalentes. Além disso, o pacote inclui equipamentos de armazenamento, abastecimento e teste de hidrogênio, alguns ainda novos ou nunca usados.
Enquanto tenta atrair compradores, a casa de leilões assume a tarefa de liquidar os últimos ativos da Nikola. A movimentação marca mais uma etapa no encerramento das atividades da fabricante de caminhões a hidrogênio, que nos últimos anos enfrentou dificuldades operacionais e financeiras, além de controvérsias com seus fundadores.
Venda ocorre semanas após fábrica ser adquirida pela Lucid
Recentemente, a sede e a fábrica da Nikola no Arizona foram vendidas para a Lucid Motors, fabricante norte-americana de carro elétricos. A transação, avaliada em US$ 30 milhões, também envolveu a contratação de cerca de 300 funcionários da ex-fabricante de caminhões.

A venda da frota de caminhões a hidrogênio, por outro lado, ocorre num cenário menos otimista. Apesar de promissora em termos ambientais, a tecnologia enfrenta barreiras para se consolidar no transporte pesado. A escassez de infraestrutura, o custo elevado e a baixa competitividade frente a outras alternativas dificultam sua adoção.
Além disso, o hidrogênio como fonte de energia perdeu apoio político nos Estados Unidos. Parlamentares republicanos trabalham para reverter os subsídios aprovados durante o governo Biden. A medida faz parte de um esforço maior para desmontar políticas ambientais da gestão anterior, o que cria um ambiente ainda mais desafiador para empresas que apostam nas células de combustível.
Leilão reflete os entraves da adoção do hidrogênio
Mesmo com os avanços técnicos e o apelo ambiental, o mercado de caminhões movidos a hidrogênio ainda não decolou. O setor apontou a Nikola como um dos nomes promissores na transição energética, mas problemas internos e falta de escala sufocaram a empresa.
Ainda assim, a casa de leilões vê uma oportunidade de negociar os ativos com empresas interessadas em tecnologia ou revenda. Além disso, compradores com demanda específica podem reaproveitar alguns componentes e veículos em outras aplicações ou projetos-piloto.