Mesmo com a expansão do consumo e o bom momento do varejo, a Scania projeta retração nos negócios, afetada pelo peso da taxa de juros (Selic), atualmente de 14,25%. Segundo executivos da empresa, isso espanta frotistas e dificulta a contratação de planos de financiamento.
Dessa forma, a Scania prevê retração de 10% nas vendas durante a edição de 2025 da Agrishow em relação aos números de 2024. A feira, que começa nesta segunda-feira (28) e vai até 2 de maio de 2025, em Ribeirão Preto (SP) é considerada como o maior evento do setor de agronegócio do Brasil. No ano passado, a Scania vendeu 80 caminhões no evento.
- VEJA MAIS:
- Caminhão Scania 30 G vai ser feito no Brasil a partir de 2027
- Scania 500 R 6x2 chega em série especial com 500 unidades
- Mercedes-Benz lança micro-ônibus LO 916R de uso misto
Segundo o diretor de vendas da Scania Brasil, Alex Nucci, os juros elevados inibem. Isso significa que, nesse cenário, só vai comprar caminhão aquele cliente que realmente precisa renovar a frota ou cumprir um contrato.
“Mas quem pode esperar alguns meses para ver como o mercado vai se comportar, com certeza não vai comprar caminhão agora. Pode haver queda nos juros, e esse cliente não vai se arriscar nem se comprometer com parcelas altas”, afirma Nucci.
O varejo está comprando caminhão

Apesar da previsão negativa, Nucci destaca que o varejo é o segmento que mais está adquirindo caminhões. Por outro lado, o cliente frotista tende a aguardar os movimentos do mercado antes de fechar negócio. Assim, esperando pela melhor linha de crédito e a taxa de juros mais vantajosa no médio prazo.
“Ou seja, quando a taxa de juros começa a cair, o transportador costuma optar por um Finame de taxa variável, com tendência de queda. Como resultado, ele começa pagando mais caro, mas termina com uma taxa média melhor”, explica Nucci.
2025 pode ser promissor para caminhões semipesados
Seja como for, entre janeiro e março, o mercado de caminhões acima de 16 toneladas cresceu 2,5%. No entanto, se analisar apenas o resultado de venda dos caminhões pesados, houve uma retração de 7%. Em contrapartida, a venda de caminhões semipesados aumentou 22%.
Segundo Nucci, grande parte dessas vendas de caminhões semipesados atende o cliente varejista, que por sua vez está ligado diretamente ao consumo.
“Não podemos esquecer que a taxa de desemprego está baixa. E mesmo com o endividamento da população, o poder de compra está maior. Portanto, o consumo está aquecido. Por isso o segmento acima de 16 toneladas está indo bem, puxando a venda dos semipesados”, conclui Nucci.
De olho nas análises de mercado e nas projeções da Anfavea, a Scania prevê que, neste ano, o mercado para caminhões acima de 16 toneladas deve se manter estável. Caso haja crescimento, será da ordem de 3% em relação ao ano passado.
"Mas como a operação da Scania é forte nos pesados, o mercado pode cair para a marca. Portanto, há chances de sermos mais impactados", finaliza Nucci.