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Caminhões da Copa Truck têm mais de 1.000 cv e passam dos 200 km/h

Caminhões da Copa Truck são baseados em modelos originais, mas preparados para alcançar alto desempenho

Thiago Vinholes

31 de jan, 2025 · 10 minutos de leitura.

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Copa Truck, Felipe Giaffone, Volkswagen
A Copa Truck é a maior competição multimarcas do automobilismo brasileiro
Crédito:Felipe Giaffone/Arquivo Pessoal

Os fabricantes projetam os caminhões que percorrem as estradas do Brasil para garantir eficiência e durabilidade, mas, nas pistas da Copa Truck, a história é diferente. Preparados para competição, esses gigantes com motores superpotentes transformam a força bruta em velocidade.

Atualmente, todas as principais montadoras desse setor no Brasil estão no grid da Copa Truck, o que faz dela a maior competição multimarcas do País. Ao todo, competem até 40 caminhões da Mercedes-Benz, Volkswagen, Iveco, Volvo e Scania. A categoria também cumpre um importante trabalho de desenvolvimento para a indústria, o que faz dela uma espécie de “Fórmula 1" de veículos pesados.

“O desenvolvimento é contínuo da Copa Truck, inclusive durante a temporada. Mas, diferentemente de outras categorias do automobilismo, como a Stock Car, que tem apenas um fornecedor, a Copa Truck reúne várias marcas de caminhões. E todas elas estão diretamente envolvidas na competição, além de outros fornecedores de componentes”, explicou Felipe Giaffone, piloto bicampeão da Copa Truck e um dos maiores especialistas da competição, em entrevista ao Estradão.


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Copa Truck, Felipe Giaffone, Volkswagen
Com passagem pela Fórmula Indy, Giaffone é bicampeão da Copa Truck - Felipe Giaffone/Arquivo Pessoal

De acordo com Giaffone, os caminhões que competem na Copa Truck são modelos originais, como os de rua, porém “supermodificados”. Os próprios fabricantes fornecem os veículos para as equipes, “que modificam os caminhões respeitando os limites do regulamento da corrida”, segundo o piloto, que possui um longo currículo no automobilismo, incluindo participações na Fórmula Indy.

Caminhões da Copa Truck passam por regime brusco

O peso é o maior inimigo de todo carro de corrida. Por isso, qualquer modelo de competição baseado em um modelo original passa por um regime rigoroso. Assim, os caminhões da Copa Truck perdem tudo que não é necessário para obter a máxima performance no ambiente de um autódromo. Conforme o regulamento da prova, os veículos devem atingir um peso mínimo de 4.890 kg.


O caminhão de corrida de Giaffone, por exemplo, é um cavalo mecânico Volkswagen Meteor. O modelo original pesa 7.950 kg. Portanto, a redução de peso pode passar de 3.000 kg. “Tiramos tudo que não serve para a corrida, como o acabamento interno. Também cortamos a parte traseira da cabine para deixá-la mais curta e encurtamos as longarinas do chassi para reduzir o peso e a distância entre-eixos do caminhão. O único item acrescentado é o santantônio de proteção”, afirmou o piloto.

Copa Truck, temporada 2025,
Expectativa é de que 40 caminhões preencham o grid da Copa Truck 2025 - Copa Truck/Divulgação

Segundo Giaffone, a preparação na suspensão do caminhão é outra parte que gera alívio de peso. “O regulamento da Copa Truck permite diversas modificações na suspensão. Basicamente, a suspensão do caminhão de corrida é completamente diferente da usada nos caminhões originais. Muda tudo. Instalamos amortecedores de competição e as molas são muito mais leves.”


Outra modificação que colabora para reduzir o peso do caminhão é a preparação da transmissão. “Hoje em dia, um caminhão novo tem câmbio com 12 ou 13 marchas. Mas, na corrida, não precisamos de tantas marchas. Por isso, retiramos diversas engrenagens do câmbio original, que fica com apenas seis marchas ou até oito marchas, o máximo permitido”, contou Giaffone, acrescentando que todos os caminhões da competição usam câmbio manual. “A Copa Truck não permite a entrada de caminhões com transmissão automática ou automatizada.”

Motor tem mais de 1.000 cv de potência

Apesar do porte pesado e grande, os caminhões da Copa Truck têm uma relação peso/potência excelente. O regulamento da corrida permite modelos com até 1.200 cv. Assim, considerando o peso mínimo exigido, cada caminhão apresenta cerca de 4 kg para cada 1 cv.

Os caminhões da competição têm motores originais, mas equipados com componentes auxiliares e ajustados para obter alta performance. “Você pode mexer na taxa compressão, mudar o desenho do cabeçote e dos pistões, alterar os bicos injetores, sempre no intuito de ganhar mais potência. A única alteração proibida é na litragem do motor original, que pode ter no máximo 13 litros”, esclareceu Giaffone.


Copa Truck
A Copa Truck é a maior competição multimarcas do automobilismo brasileiro - Copa Truck/Divulgação

“Todas essas modificações aumentam a potência do motor. No entanto, o maior ganho vem com um turbocompressor mais forte. Para equilibrar a competição, todos os caminhões na disputa usam o mesmo turbo, fornecido pela Biagio”, afirmou o bicampeão da modalidade. Todavia, o regulamento limita a pressão máxima do turbo a 2,8 kgf/cm², aproximadamente 40% acima da dos caminhões originais.

O regulamento também exige que todos os caminhões da Copa Truck tenham um aerofólio no teto da cabine e freios com refrigeração a água. “Os caminhões de corrida usam freios a disco nas quatro rodas, e o sistema de refrigeração consome 750 litros de água durante a prova”, acrescentou o Giaffone. Em contrapartida, os modelos da competição usam pneus convencionais, da marca Prometeon.


Cinco toneladas a 200 km/h

De acordo com Giaffone, um caminhão da Copa Truck ultrapassa "facilmente" os 200 km/h. É uma diferença abrupta comparado a um modelo de rua, que dificilmente alcança 100 km/h, mesmo quando roda sem carga. Contudo, por questões de segurança, as corridas têm trechos com velocidade limitada em 160,9 km/h, aferidas por radar. "Essa limitação acontece no ponto de maior velocidade do circuito", contou o piloto.

A Copa Truck ainda permite a entrada de caminhões com motores a gás e híbridos. Inclusive, o próprio Giaffone já montou, em parceria com a VW, um Meteor híbrido de competição. Entretanto, o piloto ainda não disputou uma corrida com esse modelo.

automobilismo,
Os caminhões da Copa Truck podem passar dos 200 km/h - Copa Truck/Divulgação

Perguntado sobre como é pilotar um veículo tão grande em alta velocidade, Giaffone demonstrou tranquilidade. “O estilo de condução de um carro de corrida não é muito diferente da forma como se dirige um caminhão de competição. Claro, exige um tempo de adaptação, sobretudo pelo tamanho da máquina, mas eu diria que qualquer piloto profissional acaba de entendendo rápido com essa modalidade”, concluiu o piloto, que neste ano disputará sua oitava temporada da Copa Truck.

A temporada 2025 da Copa Truck contará com nove etapas distribuídas em oito autódromos diferentes no Brasil. A abertura do campeonato está marcada para o dia 23 de março em Campo Grande (MS).

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