A alta do preço do diesel, que deve ser anunciada nesta quarta-feira (29), pode impactar toda a cadeira produtiva do Brasil. Afinal, mais de 60% da movimentação de mercadorias no País é feita por meio de transporte rodoviário. De acordo com a Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística), a situação é preocupante. Inicialmente, a expectativa é de aumento de R$ 0,20 por litro.
De acordo com apuração do Estadão, o preço da gasolina deve subir cerca 13% e o do diesel, 11%. Todavia, a confirmação do aumento, bem como dos novos valores deve ser divulgada após a reunião do Conselho de Administração da Petrobras com os sócios privados da empresa. O objetivo é discutir a defasagem dos preços dos combustíveis.
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Segundo Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística, se o preço do diesel aumentar, vai impactar o custo do frete. "Atualmente, o combustível responde por cerca de 35% desse custo. O aumento depende da operação, se a rota é curta ou longa e se o caminhão consome mais ou menos diesel, por exemplo. De qualquer forma, a medida pode afetar o setor de transportes inteiro se for adiante”, diz.
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Alta do preço do diesel vai afetar primeiro o agronegócio
Além disso, Valdivia afirma que um aumento no preço no diesel vai impactar principalmente os custos de frete do agronegócio. “Isso pode afetar todos que usam caminhões, mas o agronegócio pode ser o primeiro setor mais afetado. O primeiro semestre é o momento da primeira safra. Como as rotas do agro são longas e feitas por caminhões pesados, qualquer aumento de custo é significativo.”
Conforme o assessor técnico da NTC&Logística, tanto as empresas de transporte quanto caminhoneiros autônomos já praticam diversas medidas para reduzir os custos com o diesel. “Mas, quando vem um aumento no preço do combustível, não tem o que fazer. A consequência é o repasse aos clientes", diz.
Repasse não é automático
Seja como for, o especialista diz que esse repasse não será imediato. “Nossas pesquisas mostram que, quando o preço do diesel aumenta, as empresas demoram até quatro meses para repassar os custos aos clientes. É preciso comunicar e combinar novos valores. Demora um pouco. Mas, quando isso acontece, não tem como as empresas e caminhoneiros absorverem o aumento do custo com combustível.”
Entretanto, Valdivia afirma que a Petrobras poderia ter reajustado o preço do diesel de forma gradual em outros momentos. “O preço do diesel está estável há um ano e meio e, agora, querem reajustar de um vez, numa só tacada. Também não pode ser como antigamente, quando havia reajustes praticamente em todos os meses. Essa previsão de aumento de 11%, é um movimento abrupto.”