Em 26 de março de 1993, saía da linha de montagem da Scania, em São Bernardo do Campo, o caminhão de número 100 mil produzido pela marca no País. Segundo informações da empresa, o R113 H 360 tinha carroceria pintada de azul, além de elementos alusivos ao marco histórico. Era o caso, por exemplo, dos frios com ABS, item raro nos caminhões da época.
Seja como for, assim como ocorreu recentemente com o Scania de número 500 mil produzido no Brasil, o modelo de 1993 teve a entrega sorteada. De acordo com a companhia, o sortuda foi a Gengo Transportes e Equipamentos, empresa localizada em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Porém, o cavalo-mecânico trocou de mãos duas vezes até ser comprado por Elinton Cesar Machado, de Curitiba, em 2021.
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Colecionador de caminhões Scania
O empresário do setor de transportes é colecionador e tem 38 caminhões antigos, como um LK 141 V8 que segundo ele, foi seu primeiro modelo da marca, bem como um Scania 110 "Jacaré". Além disso, a coleção conta com séries especiais, como os Scania Horizonte, Millenium e Silver Line. Porém, também há modelos da Mercedes-Benz, como um 1111 e um Fiat 190.
Seja como for, 25 dos 38 caminhões da coleção de Machado são Scania. De acordo com ele, seu pai era caminhoneiro e dirigia um Scania V8 da linha LK. "Foi a partir daí que eu me interessei por caminhões clássicos e raros, em especial da Scania”, diz. Além disso, o empresário mantém uma frota de serviço com 15 caminhões para o transporte de sucata de ferro.
De acordo com ele, a oportunidade de comprar o Scania 100 mil surgiu em um grupo de donos e fãs de caminhões batizado de "Amigos do Jaca". Ou seja, o nome faz alusão ao clássico da marca. Conforme o empresário, o R113 H estava nas mãos do terceiro dono, em Campinas, no interior de São Paulo.
Empresário tem três Scania R113
Depois de conseguir o contato do dono do Scania, Machado viajou de Curitiba para Campinas, negociou o preço, que ele não revela, e ficou com o caminhão. Vale dizer que o empresário tem três R113 na coleção, mas diz que esse é especial. "Por se tratar do número 100 mil”, afirma.
De acordo com Machado, o R113 100 mil foi restaurado na Brasdiesel. A concessionária, localizada em Caxias do Sul (RS) tem tradição nesse tipo de serviço,. Afinal, um dos funcionários da empresa, Jailson Leite Buchebuam, é colecionador e tem várias peças e componentes de caminhões antigos. Por isso, foi um dos responsáveis pela restauração do modelo.
Segundo Buchebuam, a primeira providência foi mudar o sistema de tração trucado, para o original, toco. “Depois disso, começamos a procurar as rodas traseiras, da Alcoa, com furos específicos para melhorar a refrigeração”, diz. Além disso, a fábrica providenciou componentes originais, como as lentes dos piscas, faróis, para-lamas e borrachas.
O desafio foi restaurar a cabine
Porém, Machado afirma que a maior dificuldade foi encontrar os acabamentos originais da parte interna da cabine. Segundo ele, isso demandou o maior tempo da restauração, que levou um ano e meio para ser concluída. “Muitos motoristas costumam adaptar os caminhões. Por isso, o R 113 perdeu a originalidade.”
Todos os estofados, inclusive a cama original, foram comprados de colecionadores. A fábrica forneceu itens do painel e, no fim do serviço, o caminhão ficou com mais de 95% dos componentes originais. Seja como for, o empresário diz que não quer parar por aí e pretende restaurar outros 10 caminhões de sua coleção, bem como construir um espaço para receber esse acervo.
