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Ônibus e caminhões respodem por metade das mortes no trânsito

Segundo a PRF, ônibus e caminhões, que representam uma parcela mínima da frota total no País, reponde por mais da metade das mortes nas estradas

Andrea Ramos

30 de jul, 2024 · 7 minutos de leitura.

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Metade das mortes nas rodovias federais envolve ônibus e caminhões
Metade das mortes nas rodovias federais envolve ônibus e caminhões
Crédito:ANTT/Divulgação
Metade das mortes nas rodovias federais envolve ônibus e caminhões

Ônibus e caminhões representam apenas de 4% da frota nacional. Mas, juntos, provocaram 1.499 mortes nas rodovias federais brasileiras somente no primeiro semestre de 2024. Uma participação de 51,5% nos óbitos. O levantamento é da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Ou seja, os veículos pesados responderam por mais de um quarto do número de sinistros e de feridos no período. Respectivamente, 27,6% (9.722) e 27% (10.975). Todavia, nos seis primeiros meses deste ano, 2.908 pessoas morreram em 35.166 sinistros que deixaram 40.518 feridos. O dado fica ainda mais alarmante com o aumento no número de mortos de 9% em relação ao mesmo período de 2023. Do mesmo modo, o número de sinistros e feridos aumentou 8%. 

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“Em vez de reduzir a violência viária, estamos assistindo, inertes, ao aumento das mortes e feridos nesses eventos evitáveis. O retrocesso iniciado em 2018 está mostrando seus resultados agora. Mas precisamos agir rapidamente para reverter esse cenário”, afirma o diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra. 

Metade das mortes nas rodovias federais envolve ônibus e caminhões
PRF/Divulgação

Diferença entre motoristas comuns e profissionais

O especialista ressalta a urgência em rever a flexibilização do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Vale lembrar que o CTB equiparou motoristas profissionais a condutores comuns, ao estabelecer um prazo de validade de 10 anos para todas as CNHs.


“Isso é problemático porque motoristas ônibus e caminhões, que passam mais tempo dirigindo, estão mais expostos a riscos. Esses veículos têm um potencial de destruição maior que os demais. Por isso a categoria tem algumas regras mais rígidas, como a realização de exames toxicológicos e a avaliação psicológica a cada renovação”, explica Alysson Coimbra.

Conforme o diretor da Ammetra, o problema é que em 10 anos as condições de saúde física e mental desses condutores podem deteriorar rapidamente. Assim, ampliando os riscos de sinistros e mortes. “Um levantamento recente mostrou que o número de brasileiros com restrições na CNH por problemas de visão aumentou quase 80% ao longo dos últimos 10 anos. Isso sem contar o crescimento gradual dos transtornos de saúde mental que colocam os brasileiros no topo do ranking dos países mais ansiosos e deprimidos do mundo”, diz.

Renovação a cada 10 anos é muito, acredita Abramet

O diretor da Abramet, dr. José Montal concorda que um período de 10 anos para a renovação da CNH é muito tempo. Sobretudo, para os profissionais do volante, independe da idade. Além disso, na opinião do médico, por situações como essa, medidas mais rigorosas são necessárias. Como o aumento da fiscalização.


Nesse sentido, conforme reportagem divulgada pelo Estradão, no primeiro trimestre deste ano, as multas por descumprimento à lei da balança aumentaram 315%. Do mesmo modo, a fiscalização feira pela PRF aumentou 546%. “O tempo da validade da CNH deveria ser menor, até para preservar a segurança no trânsito. E por situações como essa é que o Estado tem que interferir. Aumentar a fiscalização e ser enérgico na punição em casos de ocorrências”, diz Montal.

Uso de álcool e drogas ao volante preocupam

Pesquisa feita pela Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat) revelou que metade dos caminhoneiros que se submetem a jornadas de trabalho superiores a 16 horas por dia recorre ao uso de drogas. Cerca de 17% dos condutores que trabalham de 4 a 8 horas por dia usam drogas. O número salta para 50% entre aqueles cujas jornadas ultrapassam 16 horas. Alysson Coimbra reforça que o aumento do limite de pontos na CNH para os motoristas profissionais favorece os infratores. Além disso, não traz qualquer melhoria para a segurança no trânsito.

“Ao contrário, estimula comportamentos infracionais. O que é especialmente perigoso quando falamos de motoristas exaustos, com jornadas extensas, conduzindo veículos pesados e muitas vezes sob efeito de substâncias ilegais”. Nesse sentido, conforme os dados apurados, ocorreram neste primeiro semestre 91 mortes provocadas por descumprimento à Lei Seca. Ou seja, pela ingestão de álcool pelo condutor.


Confira o ranking das cinco principais causas de sinistros de trânsito no 1º semestre de 2024:

  • Reação tardia ou ineficiente do condutor: 5.279 sinistros de trânsito
  • Ausência de reação do condutor: 5.130 sinistros de trânsito
  • Acessar a via sem observar a presença dos outros veículos: 3.264 sinistros de trânsito
  • Condutor deixou de manter distância do veículo da frente: 2.160 sinistros de trânsito
  • Velocidade incompatível: 2.027 sinistros de trânsito

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