A transmissão ZF Traxon, presente em vários caminhões à venda no Brasil, vai ganhar uma segunda geração "blindada". Assim, promete maior proteção contra ataques cibernéticos por hackers. Conforme o vice-presidente de soluções para veículos comerciais e tecnologia da ZF América do Sul, Silvio Furtado, a Europa já desenvolve soluções do tipo. Ou seja, para bloqueiam alterações de calibração em caso de possível invasão do sistema.
De acordo com Furtado, a segurança cibernética começou a chamar a atenção após um veículo da Tesla ter sido "invadido". "Uma pessoa parou do lado do veículo e conseguiu invadir o rádio do Tesla. Isso despertou nossa atenção. Significa que uma transmissão também pode sofrer um ataque cibernético. Mas há segurança, todos os comandos são criptografados. Contudo, percebemos que é necessário fazer algo a mais", relata Furtado.
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Da mesma forma, o executivo explica que essa blindagem não ocorrerá apenas na Traxon. Outros componentes, como freios, por exemplo, também serão blindados. Vale lembrar que, a partir de 2024, sistemas mais seguros de cibersegurança passam a vigorar em alguns mercados.
Por isso, será necessária uma nova validação, tal como ocorreu na própria ZF Traxon com a chegada do padrão Euro 6. Dessa forma, Furtado não crava uma data de quando a caixa com a proteção cibernética chegará ao Brasil. Mas o executivo garante que já existem conversas com clientes locais.
Caixa híbrida
Furtado também revela que a ZF Traxon vai ganhar versão híbrida. Ou seja, com motor elétrico acoplado à transmissão. A fabricante alemã chegou a desenvolver algo do tipo no passado, mas, desta vez, com a indústria rumando de vez para a eletrificação, chegou o momento.
"Com esse motor elétrico ligado ao câmbio, a depender do ambiente e condições de rodagem, funciona somente com o motor elétrico. Assim, descarta trocas de marcha por embreagem e reduz o consumo. Além disso, conforme a caixa trabalha, ela se autorrecarrega. Ou seja, torna-se portanto interessante em pátios de manobras", explica Furtado.
A ZF já faz testes de aplicação do componente no Brasil e na região. Do mesmo modo, já conversa com clientes. Em termos de consumo de diesel, o sistema apresenta redução superior a dois dígitos. Com isso, oferece de 12% a 15% de economia frente à transmissão AS-Tronic. E, por isso, deve chegar em breve ao mercado brasileiro.
Traxon já é mais econômica
Silvio Furtado reforça que a Traxon é 5% mais econômica que o câmbio antecessor AS-Tronic. O que contribui para que outras marcas tenham interesse pela caixa no Brasil. Logo que chegou ao mercado, a ZF Traxon foi adotada no caminhão pesado DAF XF. Agora, com a tecnologia Euro 6, está presente no Iveco S-Way. Assim como VW Meteor e alguns modelos VW Constellation, o que inclui versões semipesadas.
Além disso, conforme contamos no Estradão, a transmissão passou a equipar os ônibus rodoviários da Mercedes-Benz no País. E, de acordo com a fabricante, outras marcas de ônibus também já testam o componente para aplicação no País.
A Traxon se destaca com modos de condução, já comuns em veículos comerciais, e com o sistema de cruzeiro preditivo que utiliza o mapa do navegador GPS e a geolocalização. Com esses dados, reconhece a via e antecipa o traçado à frente em até 2,5 km, o que melhora a economia de combustível. Além disso, o câmbio pode ser calibrado conforme a operação do cliente final, transportador ou frotista, oferecendo um ajuste específico.
"Ou seja, há clientes que optam pelo maior torque. Outros querem economia ou trocas mais rápidas. Dessa forma, conseguimos calibrar conforme a montadora solicitar", explica Furtado. Seja como for, a Traxon que chegou em 2014 e aterrissou no Brasil em 2020, também se tornou tendência. Desde então está presente em 50 mil veículos. Em contrapartida, no mundo, a ZF contabiliza 1 milhão de unidades vendidas.
