Mercado

Tatra Brasil passa a cuidar da América Latina e faz entregas ao exército

A Tatra Brasil, ou TatraBras, vai responder pelo mercado de caminhões latino-americano e começa operação com veículos de uso militar

Andrea Ramos

18 de set, 2023 · 10 minutos de leitura.

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Tatra Brasil passa a cuidar da América Latina e já faz entregas ao Governo
Tatra Brasil passa a cuidar da América Latina e já faz entregas ao Governo
Crédito:TatraBras/Divulgação
Tatra Brasil passa a cuidar da América Latina e já faz entregas ao Governo

Depois de dois anos de reestruturação, a Tatra Brasil passa a responder pelo mercado Latino Americano. Ou seja, a marca de origem tcheca passa a ser comandada pelos empresários brasileiros Eduardo Padilha e Ricardo Sales na região - leia-se do México para baixo. Dessa forma, a fabricante vai se reposicionar no mercado. De imediato, a linha civil Fênix não chega ao mercado. E a TatraBras vai focar 100% na gama de defesa, com os modelos Force.

Aliás, em 2023, a companhia fez a sua primeira aparição na LAAD, maior feira do segmento na região, realizada em abril, na cidade do Rio de Janeiro. Lá, fechou os primeiros negócios para veículos de defesa, com unidades entregues ao exército brasileiro.

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Tatra Brasil passa a cuidar da América Latina e já faz entregas ao Governo
Governo começa a receber as primeiras unidades renovadas da gama Force da Tatra Brasil

Estratégias da Tatra Brasil

Seja como for, com o novo posicionamento, a TatraBras desativou a unidade onde seria a instalação da linha de montagem dos caminhões, em Ponta Grossa, no Paraná. Mesmo porque, conforme o diretor da fabricante, Eduardo Padilha, com a chegada da Euro 6 seria inviável trazer a linha de caminhões civis ao País.

Tatra Brasil passa a cuidar da América Latina e já faz entregas ao Governo
Os caminhões traçados da Tatra se diferenciam pela robustez do chassi e dos motores em V

Por essa razão, a TatraBras vai começar com os veículos militares. E, paralelamente, dará os primeiros passos para introduzir a linha civil ao Brasil, já no padrão Euro 6. Para isso, deve iniciar em breve conversas com a DAF. Afinal, a marca holandesa fornece cabine, motor e câmbio (ZF) para os caminhões Tatra Fênix. Portanto, no Brasil a dinâmica deverá ser igual.

Nesse sentido, Padilha não descarta a possibilidade de a DAF responder pelo pós-venda da linha Fênix quando chegar ao Brasil. Afinal, a sua rede se expandiu no País, além da Paccar Parts, marca que produz os componentes dos veículos da DAF e demais itens para veículos comerciais.

Seja como for, a TatraBras seguirá algumas etapas para entrar aqui. Ou seja, vai começar por onde ela é forte e há espaço para crescer. Ou seja, pelos caminhões de defesa. Mas a intenção é nos próximos dois anos introduzir a linha Fênix.


Mercado de defesa

Vale lembrar que o mercado de caminhões de defesa no Brasil é pouco explorado e não há muitas empresas atuando. Nesse sentido, Iveco Defense é uma das marcas mais populares no segmento. E a Volkswagen Caminhões também desenvolve modelos baseados nas versões civis. Porém, modificados via BMB para atender ao Exército.

Seja como for, a frota de defesa do Brasil é antiga. Além disso, trata-se de um mercado com capacidade para 4 mil unidades a serem renovadas. Mas há desafios. Afinal, é um negócio feito por venda direta e com negociações mais demoradas, segundo Padilha. E com um único cliente que é o governo federal.

A Tatra tem 89 caminhões de defesa da linha Force vendidos ao Exército e Marinha, via Vibras, empresa que monta outras estruturas que os veículos precisam, como lançadores de foguetes, por exemplo. No entanto, esses veículos têm de estar rodando constantemente em testes. Para que, em caso de uso, estejam disponíveis. Por essa razão, o treinamento dos oficiais que vão conduzir os veículos fica a cargo da TatraBras. Bem como o pós-venda.


Espécimes únicos

Dessa forma, a fabricante de origem tcheca deu início a outra rodada de negociação. Afinal, as aplicações de defesa são amplas como transporte de frota, caçambas para o transporte de material e de pontes móveis, etc. Por ora, são caminhões 4x4, 6x6 e 8x8. Mas a Tatra produz caminhões com configurações de eixos que vão até 18x18. Ou seja, sempre traçados. Portanto, o que o Brasil ou região precisarem, a Tatra pode oferecer na linha de defesa.

"Por essa razão, as exigências com relação ao pós-venda são até maiores frente aos caminhões da linha civil. São caminhões blindados, com manutenções mais exigentes. E com planos rápidos de ação relacionados ao estoque de peças".

Vale ressaltar que caminhões para uso no fora de estrada e defesa não precisam cumprir o padrão Euro 6. Por isso, os caminhões Force contam com motor Euro 3 de emissões Euro 5. Além disso, são caminhões com chassi sem feixe de mola. Ou seja, contam com eixos independentes e são únicos no mundo, com produção pela Tatra desde 1923.


O motor

São veículos que contam com motor a ar V8 e V10, sem a necessidade de água. Por essa razão, se em caso de combate esses caminhões forem alvejados, continuam rodando mesmo que com um único cilindro. Do mesmo modo, são caminhões que podem rodar até 1,60 m embaixo da água. Por essa razão são tão demandados por países de todo o mundo.

Seja como for, a gama Force por ora é importada. Mas a Tatra projeta em 2024 montar uma operação de montagem por SKD para esses caminhões em Araucária, PR.

A guerra entre Rússia e Ucrânia está impactando as vendas da Tatra para demais mercados. Ou seja, a produção da marca na República Tcheca, basicamente atende a Ucrânia. Por essa razão, neste ano a Tatra projeta vender cerca de mais 12 unidades ao Governo brasileiro. Mas para o próximo ano a projeção de vendas é de 100 caminhões no Brasil. E cerca de 300 unidades para a América Latina. O que inclui caminhões Fênix florestal e de mineração.


Parcerias e países vizinhos

Na Argentina, por exemplo, onde o mercado de caminhões é mais flexível, a marca já está presente com a linha civil. Porém, vale lembrar que a Euro 6 ainda não chegou ao País vizinho. Portanto, ainda é mais fácil a montagem dos veículos.

"Além disso, fechamos uma parceria na Argentina com o grupo Buswagen. Dessa forma, a rede vende a marca no país vizinho e também no Uruguai. Além disso, estamos presentes também no Chile, Paraguai, Peru e Colômbia. E no México vamos iniciar nossas atividades até outubro", diz Padilha.

Por ora, os caminhões Tatra também chegam na região por importação. Mas na Argentina, precisamente em Córdoba, já há uma operação para a montagem dos veículos por meio do SKD. De lá serão espalhados para o restante dos países vizinhos.


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