Mercado

Produção de caminhões recua quase 30% no primeiro trimestre

De janeiro a março, a produção de caminhões teve o pior desempenho no período desde 2017. Segundo o setor, alta dos preços e falta de crédito são as principais causas

Aline Feltrin

10 de abr, 2023 · 5 minutos de leitura.

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produção de caminhões
Queda na produção está relacionada ao aumento dos preços por causa de novas tecnologias para atender as regras do Proconve P8
Crédito:Divulgação/Volvo

A produção de caminhões no Brasil somou 24.497 unidades no primeiro trimestre de 2023. Assim, o volume é 28,8% menor do que o registrado em igual período de 2023. Ou seja, quando a indústria produziu 34,4 mil caminhões. Segundo a Anfavea, associação que representa as fabricantes de veículos do Brasil, a queda está relacionada ao aumento no preço dos caminhões por causa do Proconve P8.

Ou seja, para atender as regras do programa de controle de emissões de poluentes, equivalente ao Euro 6, os veículos ganharam novas tecnologias. Com isso, os preços dos caminhões subiram até 30%. Assim, os compradores buscaram as últimas unidades dos modelos com sistemas antigos, que ainda estavam nos estoques das fabricantes e concessionárias.

Além da queda de produção no trimestre, a Anfavea registrou retração no volume mensal. Portanto, em março 12.325 caminhões saíram das linhas de produção. Assim, houve queda de 8,9% ante as 13.531 feitas no mesmo mês de 2022. Na comparação com as 8.123 unidades feitas em fevereiro, a redução na produção foi de 51,7%.


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Como resultado da baixa demanda, a Mercedes-Benz fez mudanças em sua fábrica. Assim, suspendeu um dos turnos de produção da planta de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. De acordo com a empresa, inicialmente essa medida deverá se estender por um período entre dois e três meses a partir de maio.

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Chassis de ônibus também ficaram mais caros por causa da Euro 6. Foto: Divulgação/Mercedes-Benz

Programa de financiamento

Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, uma saída seria uma linha de crédito específica para a compra de caminhões com tecnologias mais limpas. “Isso poderia aquecer a procura”, diz. Vice-presidente da associação, Gustavo Bonini, engrossa o coro. De acordo com ele, é preciso reduzir as taxas de juros, bem como facilitar o acesso ao crédito.


Conforme executivos da Anfavea, já houve reuniões com representantes do governo federal para expor a preocupação com o tema. Seja como for, com a baixa demanda por caminhões no início deste ano, a produção do primeiro trimestre é a mais baixa desde 2017.

Produção de ônibus recua

Assim como ocorreu com o setor de caminhões, a produção de chassis de ônibus encolheu no primeiro bimestre de 2023. Segundo dados da Anfavea, de janeiro a março foram feitas 4.015 unidades. Ou seja, houve queda de 29,6% ante as 5.702 fabricadas no mesmo período de 2022.

Além disso, na comparação mensal a queda na produção foi de 19,1%. Portanto, em março de 2023 foram produzidas 2.421 unidades e no mês passado, 1.958. Conforme informações das fabricantes, o preço mais alto também foi determinante para essa retração.


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