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Retrospectiva 2022 do setor de transporte de cargas no Brasil

O ano de 2022 começou ameaçado por guerra, além de alguns resquícios da Covid-19, no entanto não impactou o andamento do setor de transporte de cargas

Andrea Ramos

31 de dez, 2022 · 10 minutos de leitura.

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Retrospectiva 2022 do setor de transporte de cargas no Brasil
Retrospectiva 2022 do setor de transporte de cargas no Brasil
Crédito:Librelato/Divulgação
Retrospectiva 2022 do setor de transporte de cargas no Brasil

A Anfavea, entidade que representa os fabricantes de veículos, estima que o País deve encerrar 2022 com uma produção de 192 mil caminhões. Dessa forma, caso tal projeção se concretize, o ano será positivo para o setor, com um crescimento de 8,2% na comparação com 2021. Esses números, portanto, são indicadores também para o transporte de cargas.

Até novembro, a produção de caminhões somou 147,4 mil unidades. Assim, tem uma alta tímida na comparação com os 146,5 mil caminhões produzidos em 2021. Entretanto, deve-se levar em conta que, diferentemente do que ocorre com os automóveis, no mercado de caminhões praticamente tudo o que se produz é vendido.

Além disso, tal como aconteceu nos anos anteriores, inclusive em 2020, no início da pandemia da Covid-19, o agronegócio puxa as vendas de pesados. Do mesmo modo, setores como o e-commerce continuam em alta e, assim, fomentam as vendas de caminhões menores.


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A guerra pós Covid e os impactos

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VWCO/Divulgação

Entretanto, deve-se lembrar que mesmo com perspectiva de crescimento, 2022 começou conturbado. A guerra na Ucrânia trouxe impactos negativos na produção, incluindo a de implementos rodoviários no Brasil. Ocasionando aumento de custos de commodities. Sobretudo o aço. 

Além disso, colocou em xeque a cadeia produtiva que já vinha se recuperando dos impactos causados pela Covid-19. Em outras palavras, mais uma vez a indústria amargou com o gargalo na produção por causa da falta de componentes. Um problema global.


Seja como for, com a Fenatran à vista seria natural que a produção acelerasse. Afinal, com o aumento nos preços dos caminhões Euro 6 entre 15% e 25% é natural que os empresários atuantes no transporte de cargas buscassem pela antecipação de compra. Contudo, isso não ocorreu, pelo menos não da forma que se esperava.

Ou seja, o frotista até antecipou e comprou unidades Euro 5. Mas não em grandes volumes. Como em 2012.

Isso ocorreu primeiro porque as fabricantes não tinham como produzir pela falta de componentes. Algo que ainda é temido pelas fabricantes. Porém, segundo especialistas ainda está sob controle.


 Ademais, com o aumento do custo do transporte, incluindo o diesel, herança da pandemia e da guerra, o empresário perdeu o poder de compra. Logo, teve seu crédito limitado.

Locação

Isso deu oportunidade para os serviços de locação ganharem força. Além das tradicionais empresas dedicadas à operação ganharem mais mercado, as montadoras entraram no negócio.

Nesse sentido, neste ano Scania, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Volvo apresentaram seus serviços de locação. Iveco também sinalizou que em breve terá novidades.


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Vamos/Divulgação

Seja como for, a locação deve crescer ainda mais no País. Hoje, a frota de veículos comerciais locados representa cerca de 1% da frota total de 3,3 milhões.

Um ano cheio de lançamentos

Mesmo com tamanhos gargalos, sobretudo na cadeia de suprimentos, em 2022 a indústria concluiu os últimos preparativos para apresentar as novidades relacionadas às novas normas de emissão. E que começam a chegar a partir do próximo ano para atender o chamado Proconve P8, alinhada ao Euro 6.


Nesse sentido, todas as marcas de caminhões com veículos com PBT superior a 3,5 t apresentaram suas soluções. Vale lembrar que a nova regra significa 80% menos de óxido de nitrogênio (NOx) e 50% menos material particulado (MP). Assim como 72% menos de hidrocarbonetos (HC).

Para justificar o aumento de preços, tecnologias que ajudam na redução do consumo de diesel também fazem parte da nova geração de caminhões. Seja por meio de uma nova geração de transmissão, controle preditivo, redução de tara etc. Por isso, em média os caminhões em 2023 estarão entre 5% e 15% mais econômicos.

Além do Euro 6

O ano também foi importante para o mercado de caminhões com combustíveis alternativos ao diesel. Assim, de janeiro a novembro o setor vendeu 1.002 veículos elétricos ou a gás. Para efeito de comparação, nesse mesmo período no ano passado apenas 329 unidades haviam sido emplacadas.  


Ademais, em 2022 ocorreu a entrada de novos fabricantes nesse segmento. A Iveco lançou sua linha Natural Power na Fenatran. Ela é composta de veículos a gás e elétricos. Do mesmo modo, a Volvo anunciou que a partir de 2023 começará a testar o FM Eletric. Ou seja, o primeiro caminhão pesado com a tecnologia. A Ford também apresenta a Transit elétrica. E acaba de anunciar que o veículo já está em testes na DHL.

Ao mesmo tempo, o roubo de carga recuou. Isso foi resultado da redução do movimento de veículos nas estradas. Inclusive o de caminhões e ônibus.

IAA e Fenatran ocorrem quase simultaneamente

De forma inédita, e também por causa dos anos de pandemia, os eventos de transporte IAA (Salão de Hannover), na Alemanha, e a Fenatran, no Brasil, ocorreram no mesmo ano e em 2022. Uma em setembro e outra em novembro. Geralmente o IAA ocorre em anos pares e Fenatran em anos ímpares.


Seja como for, a eletromobilidade foi o foco no evento europeu. Nesse sentido, estandes como o da Volvo, Iveco e da MAN, por exemplo, estavam 100% eletrificados. Ou seja, 100% livres de diesel.

O IAA também serviu de palco para as fabricantes de implementos do Brasil mostrarem seus produtos. Nesse sentido, negócios foram realizados com empresários de países do Oriente Médio e Ásia.

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Andrea Ramos/Estadão

No Brasil, além das novidades Euro 6 e de alguns representantes elétricos, a JAC Motors fez sua estreia na feira. Trazendo veículos 100% elétricos de semileves e semipesados.

Seja como for, a Fenatran foi uma das mais importantes em termos de volume de negócios. Faturou R$ 9,5 bilhões em negócios.

Renovação da frota

Em 2022 o Renovar, programa de renovação de frota, foi regulamentado. Isso ocorre depois de quase um ano dos testes realizados para saber se a forma como o projeto foi desenhado funcionaria na prática.


Seja como for, com a medida, será possível colocar em prática o programa. Dessa forma, estimular de forma voluntária, a retirada de circulação de veículos com idade média superior a 20 anos.

Venda de caminhões usados começa a cair

Com o ritmo de produção de caminhão 0-km próximo da normalidade, a procura por caminhões usados diminuiu. Segundo a Fenauto, entidade que representa o setor, disse que as vendas devem somar 330.701 unidades.

Em outras palavras, se a estimativa se concretizar, o mercado de usados em 2022 fechará com 72 mil unidades a menos em relação ao ano passado. Do mesmo modo, colabora com esse cenário, a alta dos preços dos caminhões usados. 


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