A guerra na Ucrânia deverá trazer impactos negativos na produção de implementos rodoviários no Brasil. Assim, caso os conflitos se estendam, haverá aumentos de custos de commodities. Principalmente o aço. É a matéria-prima mais utilizada pelos fabricantes. A análise é da Associação Nacional das Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir).
Outro reflexo negativo da guerra são as exportações. Isso porque a queda nas vendas de grãos e carnes, por exemplo, deve refletir no setor do agronegócio. "Fazemos parte dessa cadeia. Portanto, isso reflete na indústria de implementos", diz o presidente da Anfir, José Carlos Spricigo.
Enquanto não há impactos na produção, a indústria contabiliza resultados positivos. De acordo com a Anfir, no 1º bimestre de 2022 as fabricantes entregaram 22.825 implementos. Alta, portanto, de 2% sobre 2021, quando 22.367 unidades foram entregues.
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Tendência de crescimento
De acordo com Spricigo, o resultado do bimestre indica tendência positiva para os negócios. "O que conseguimos até aqui está de acordo com as expectativas". Em entrevista recente ao Estradão, o presidente da Anfir disse que a expectativa para esse ano é de crescimento. A aposta é que os semirreboques basculantes sejam, então, os carro-chefes.
O executivo relembra que esse tipo de implemento recebeu algumas atualizações tecnológicas. E elas ampliam seu uso para transporte de grãos. "As fabricantes começaram a trabalhar com aço de alta resistência. Assim, reduziu bastante o peso do implemento. Por isso, está no radar de quem transporta grãos. Além disso, é mais prático para descarregar".
Proconve P8
Outro fator que ajudará a aquecer a vendas, de acordo com o executivo, é o novo limite de emissões para motores diesel. O Proconve P8, entra em vigor em 1° de janeiro de 2023. E vai fazer com que transportadoras e frotistas antecipem a renovação da frota. Assim, aumentará os pedidos de implementos rodoviários. Essa é a expectativa da Anfir.
Canavieiros puxam as vendas
No segmento de reboques e semirreboques, o destaque são as linhas de canavieiros, bem como baú frigorífico e transporte de toras. Os dois primeiros estão ligados ao setor de agronegócio. Esse, aliás, é o principal cliente da indústria. Por outro lado, o terceiro responde pelo transporte de madeira bruta. Trata-se de uma matéria-prima para as mais diversas aplicações. Desde embalagens até itens de mobiliário.
No entanto, resultado de emplacamentos, com variação 4,98% menor, reflete o momento sazonal da safra. "A colheita começou em fevereiro, mas ganhará intensidade somente em março", espera Spricigo. Por outro lado, o segmento de carroceria sobre chassis cresceu. Os números mostram variação positiva de 12,39% no bimestre. Os destaques são basculante e carga seca. Os dois são ligados à construção civil.
Exportações em alta
Por outro lado, as exportações de implementos cresceram. De acordo com os números da Anfir, as vendas para outros países alcançaram 376 unidades em janeiro a fevereiro. O volume é 19,37% superior ao alcançado no mesmo período de 2021. Na época, as fabricantes venderam 315 implementos para outros países.