A crise global de abastecimento de semicondutores continua a impactar a produção de caminhões. Nesta semana, a Mercedes-Benz informou que concederá férias coletivas a 600 colaboradores, de 14 a 25 de março. O objetivo é ajustar sua programação em São Bernardo do Campo. Desta maneira, deixará de produzir por 12 dias.
Assim, também está avaliando a possibilidade de férias coletivas no fim do mês. Em comunicado, a Mercedes-Benz explica que vai adotar alternativas com seus fornecedores e com o Grupo Daimler Truck. Para tanto, a medida visa enfrentar os desafios diários de abastecimento de peças. De acordo com a montadora, esse é um problema sem precedentes na indústria.
O Estradão consultou outras montadoras para saber se precisarão parar suas linhas de produção nos próximos dias. Desta forma, a Scania informou por meio de nota que fechou acordo com o sindicato. E vai antecipar a ponte do feriado de 16 de junho para o dia 25 de fevereiro. Ademais, suspenderá parcialmente a produção de caminhões em sua fábrica de São Bernardo do Campo na semana do Carnaval. De 02 a 04 de fevereiro.
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A fabricante confirma que a decisão é por causa da falta de semicondutores. Ademais, reitera que está tomando medidas necessárias para voltar à situação normal. A previsão é que o problema seja resolvido em curto prazo.
Normalização a partir de 2023
Seja como for, as montadoras Iveco, VWCO, Volvo e DAF informaram que não vão precisar parar as linhas de produção nos próximos dias.
De qualquer forma, o presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, Luiz Carlos Moraes declarou recentemente que a previsão ainda é de restrições na oferta por falta de componentes neste ano. Mas em um grau inferior ao de 2021.
Ainda de acordo com Moraes, haverá uma melhora contínua no fornecimento de semicondutores a partir do segundo semestre. “Mas uma normalização mais próxima do normal somente em 2023. Mesmo assim com restrições.”
Mais proximidade com fornecedores
O coordenador de cursos automotivos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antonio Jorge Martins, explica que algumas montadoras não conseguem ter total visibilidade do ritmo de produção para o decorrer do ano. Isso por causa da instabilidade do fornecimento de componentes,
“Somente no ano que vem haverá uma normalização”, diz. De qualquer forma, para resolver a situação a longo prazo, há um movimento de algumas montadoras para estarem mais próximas dos fornecedores. Sobretudo, os de semicondutores para ter mais controle sobre a situação.
De acordo com o professor, as empresas estão seguindo nessa direção. Principalmente porque um semicondutor já representa 40% do custo dos veículos. “E esse índice deverá subir para 48% até 2030. Por isso, é importante ter mais controle sobre a cadeia de fornecimento”, finaliza.