A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) pediu o fim da isenção do imposto de importação de pneus. Para isso, sugere ao governo a criação de uma linha de crédito para financiar a compra de pneus. Sobretudo para atender caminhoneiros autônomos.
Assim, o fim da isenção dos 16% do imposto, iniciada em janeiro, seria extinta. Tomada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a medida buscava acalmar os autônomos. Isso porque a categoria acenava com ameaça de paralisação.
Porém, a medida não impactou apenas as fabricantes de pneus. Segundo a Anip, por causa da isenção o País deixou de arrecadar R$ 117 milhões com impostos de janeiro a junho de 2021. Além disso, os autônomos não teriam se beneficiado com os pneus importados, diz a associação.
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Anip propõe financiamento do BNDES
De acordo com o presidente da Anip, Klaus Curt Müller, isso levou a associação a propor a criação da linha de crédito para a compra de pneus. Nesse sentido, o foco seriam os caminhoneiros autônomos. Porém, o dinheiro viria do BNDES.
Segundo Müller, o objetivo é viabilizar a compra de pneus a prazo com taxas mais baixas. Ou até mesmo sem o pagamento de juros.
Müller argumenta que o dinheiro viria da arrecadação gerada pela volta do imposto. De acordo com ele, as importadoras de pneus também podem se beneficiar. Porém, teriam de cumprir com as mesmas regras impostas às fabricantes locais. Inclusive as ligadas ao meio-ambiente.
Importado x nacional
Segundo a Anip, os importados perdem competitividade na hora da reforma. De acordo com estudo feito pela associação, o dado considera pneus equivalentes que rodaram 300 mil km.
De acordo com a Anip, no nacional o preço médio da reforma seria de R$ 5,8 mil. Enquanto isso, para reformar um importado o preço seria de até R$ 9 mil. Ou seja, uma diferença superior a 55%.
Assim, o levantamento teria levado em consideração o número de reformas. Nesse sentido, segundo a Anip, o pneu nacional permite até duas reformas. Porém, 30% dos importados vendidos no País podem ser reformados apenas uma vez.
Segundo o presidente da Anip, isso porque "a carcaça não suporta". Logo, com apenas R$ 1 de investimento um pneu nacional poderia rodar até 51 km. Por sua vez, o importando roda 33 km.
Impacto ambiental
De acordo com Müller, o mais afetado é o caminhoneiro autônomo. Ou seja, quem compra o importado por causa do preço menor. "O frotista faz conta e compra pneu nacional”, diz o executivo.
Ainda de acordo com a Anip, o impacto ambiental gerado pela entrada de pneus importados não foi levado em conta pelo governo. "Ou seja, há um passivo ambiental dos importadores de 332 mil toneladas de pneus que deixaram de ser recolhidos," afirma Müller.
Segundo ele, os custos de recolhimento e destinação desses pneus são pagos pelas empresas nacionais. Assim, a Anip informa que as fabricantes locais ultrapassam em mais de 5% a meta estabelecida pelo Ibama.