A Mercedes-Benz anunciou na tarde desta terça-feira (23) que irá interromper a produção de veículos em São Bernardo do Campo (SP) e em Juiz de Fora (MG). De acordo com comunicado da empresa, a paralisação ocorre a partir do dia 26 com retorno previsto para 5 de abril.
A decisão, que foi alinhada com o Sindicato do Metalúrgicos, tem os objetivos de reduzir a circulação de pessoas e também de administrar a dificuldade de abastecimento de peças e de componentes na cadeia de suprimentos.
De acordo com a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o principal problema de abastecimento está relacionado a entrega de semicondutores e demais itens eletrônicos. Há, também, falta de outras peças. Contudo, de maneira mais pontual. Como, por exemplo, borracha, plástico, resina e aço.
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A Mercedes-Benz também informou que a partir de 5 de abril continuará as medidas restritivas de proteção aos colaboradores. E, neste sentido, concederá férias coletivas para grupos alternados de funcionários de acordo com o planejamento das fábricas. De acordo com a montadora, desta forma haverá um grupo de produção menor e isso ajudará a manter o protocolo de distanciamento.
A rede de concessionários e suas oficinas permanecerão em funcionamento seguindo medidas preventivas. Com exceção daquelas localizadas em estados ou cidades em que há orientação do poder público de interrupção das atividades.
Volvo e Scania também pararam
A decisão da Mercedes-Benz vem na esteira do que haviam determinado a Volvo e a Scania (foto abaixo) anteriormente. Na última sexta-feira a Volvo comunicou que até o fim deste mês iria reduzir drasticamente a produção da fábrica de Curitiba, no Paraná, também por falta de peças e do agravamento da pandemia.
De acordo com a montadora, a medida tem impacto sobre a maioria dos empregados da produção de caminhões. No entanto, uma parte da fábrica continua em operação, incluindo a produção de ônibus e uma parte da produção de caminhões.
A Scania, no entanto, anunciou ontem que realizará uma parada programada de produção, com início em 26 de março e retorno no dia 05 de abril. A empresa também parou por causa da pandemia e falta de componentes.
De acordo com a Scania, as concessionárias e oficinas permanecem em funcionamento, com exceção daquelas localizadas em estados ou cidades em que há orientação de encerramento das atividades pelo poder público.
Paradas não afetarão projeção de crescimento
Segundo a Anfavea, essa paralisação não impacta na projeção do volume de produção para 2021. No começo do ano, a associação informou que a fabricação brasileira de veículos pesados cresceria 21%. De acordo com o posicionamento da associação, a previsão inicial era bem conservadora porque já havia esse cenário de instabilidade da cadeia de suprimentos.
Se houver a revisão, isso ocorrerá no próximo semestre. Para a Anfavea, ainda é cedo para concluir que o agravamento da pandemia irá comprometer a recuperação do mercado de caminhões. Isso porque, no momento, há bastante encomendas apesar das paradas.
Estradão consultou as demais marcas de caminhão com fábrica no Brasil para saber se programam paradas na linha de produção. Até o fechamento desta reportagem, apenas a Foton confirmou que não vai parar as atividades nos próximos dias. DAF e Iveco não se pronunciaram.