A Buser, que conecta passageiros e operadoras de ônibus, ampliará a oferta de passagens de ônibus. Com isso, atuará em cinco Estados. A novidade é fruto de parcerias com quatro empresas autorizadas a operar em terminais rodoviários como origem e destino de rotas.
São elas: Adamantina, Luxor Turismo, Viação Esmeralda e Viação São Luiz. Dessa forma, haverá dez rotas que passam por 20 cidades dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.
CEO da Buser, Marcelo Abritta disse ao Estradão que as empresas vão atuar em sistema híbrido. Ou seja, continuarão vendendo passagens nos guichês das rodoviárias, mas também farão parte da plataforma digital. “A única exigência que a gente faz é que o preço tem que cair. Não adianta cobrar o mesmo preço oferecido na forma tradicional.”
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Buser oferece passagens até 60% mais baratas
Segundo Abritta, há mais empresas interessadas em ingressar na Buser. De acordo com ele, são empresas pequenas. Como resultado, o executivo acredita que, até o fim de 2021, o modelo híbrido representará a metade do volume de viagens da Buser.
Em dezembro de 2020, as empresas parceiras da Buser transportaram 300 mil passageiros. Ou seja, cerca de 2 mil pessoas por dia. Segundo Abritta, a plataforma digital tem tem 3 milhões de usuários.
O preço das passagens oferecidas pela Buser são até 60% menores do que as vendidas por operadoras tradicionais. Logo, o novo modelo de negócio vem dando dor de cabeça a essas empresas.
Buser vem sendo autuada pela ANTT
Constantemente, a Buser vem recebendo autuações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Afinal, segundo a ANTT, a plataforma digital não tem autorização para atuar como companhia regular de transporte de passageiros.
Em outras palavras, a empresa mineira é uma plataforma online de fretamento colaborativo. Ou seja, sua atuação é restrita à intermediação entre operadoras de ônibus e passageiros que querem viajar para um mesmo destino.
Contudo, a Buser diz que o circuito fechado é considerado inconstitucional pela Justiça de alguns Estados. Nesse sentido, houve uma manifestação a favor da plataforma em Brasília.
No circuito fechado, as empresas vendem passagens de ida e volta para o mesmo grupo de passageiros. Ao passo que no aberto (também feito por empresas regulares) não há essa obrigatoriedade.
Investimentos de R$ 100 milhões em Minas
Nesta semana, o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, fez um decreto que altera as regras do transporte rodoviário por fretamento. A medida é vista como um grande passo para a renovação do setor de transporte rodoviário.
Isso, portanto, facilitará a atividade das empresas que atuam por meio de aplicativos. Entre as alterações está a liberação da obrigação do circuito fechado. O decreto libera as empresas de informar a lista de passageiros à ANTT) até 12h antes da viagem.
Como resultado, a Buser vai investir R$ 100 milhões nas operações em Minas Gerais. Em suma, R$ 15 milhões serão aplicados em infraestrutura de pontos de embarque e desembarque.
Além disso, R$ 25 milhões serão destinados ao financiamento de veículos e como aporte de capital de giro para as parceiras. Por fim, R$ 20 milhões serão aplicados em segurança, R$ 20 milhões irão para divulgação e outros R$ 20 milhões, para descontos e gratuidade para atrair novos usuários.
Segundo empresas do setor, Buser só quer o filé
Segundo o consultor de transportes da Transconsult, Eduardo Abrahão, a Buser reúne empresas com bom nível de serviço. Contudo, a plataforma é vista como clandestina pelos transportadores.
“É irregular porque esse modal rodoviário de transporte de passageiros de ponta a ponta não tem amparo legal”, diz. Uma das principais queixas do setor é que a Buser só quer operar trajetos com alta demanda e nos horários de maior procura.
“As empresas regulares não podem escolher. Têm de rodar diariamente. Mesmo em dias de pouco movimento”, diz Abrahão. Ou seja, as demais empresas têm custos operacionais mais altos.
Saída é a regulamentação
Em outras palavras, isso impacta o preço das passagens oferecidas pelas empresas tradicionais. De acordo com o consultor, a saída é a regulamentação desse novo tipo de negócio.
Enfim, enquanto isso não ocorrer, o transporte rodoviário de passageiros feito por meio de aplicativo continua sendo irregular.